Ao longo dos últimos meses tenho vindo a escrever neste espaço palavras de incentivo, motivação, desenvolvimento, capacidade, otimismo e esperança, no entanto nada disto lhe pode ser útil a não ser que faça alguma coisa. O que aqui coloco, não pode simplesmente por um fenómeno de osmose fazer qualquer tipo de efeito, a não ser que faça qualquer coisa. É preciso uma ação. Não conseguimos tornar-nos mais felizes limitando-nos a ler blogs, livros ou a assistir palestras sobre felicidade, desenvolvimento pessoal ou mudança.
Por este motivo peço-lhe a sua especial atenção, se quer mudar alguma coisa na sua vida, ter mais dinheiro, mais saúde, melhorar um estado de incapacidade, subir na carreira ou educar melhor o seu filho, é preciso ação. Este é o segredo da mudança, é o segredo do sucesso. Tal como no inicio de uma filmagem, o diretor de produção verbaliza – Ação! Dá-se inicio à criação.
É isso que hoje lhe proponho, faça qualquer coisa que vá ao encontro daquilo que deseja. Todos somos peritos a ler e a falar em mudanças, mas no que toca a colocar a mudança em ação, provavelmente somos todos uns principiantes.
Palavras sábias: Como diz um provérbio Chinês – “A conversa não cozinha o arroz.”
Informe-se mas acrescente-lhe ação
Na grande maioria das vezes conseguimos encontrar os conselhos ou a informação de que precisamos sobre como construir uma relacionamento extraordinário, fundamentos para alcançar a felicidade, passar tempo de qualidade com os nossos filhos, ser mais organizados, conseguir uma atitude positiva na vida, como alcançar sucesso. Só que para cada uma destas coisas se efetivar, temos de passar à ação.
Em certos aspetos, a inundação de informação que obtemos de livros, revistas, páginas e blogs na internet pode em determinadas situações acabar por ter o efeito inverso, gerando confusão e bloqueando o caminho para o resultado. Primeiro, existem tantos conselhos sobre o que fazer e como fazer, que a mudança pode parecer esmagadora ao ponto de nos sentirmos perdidos. Provavelmente, também eu, em certa parte contribuo para essa confusão.
No entanto a confusão não tem de ser necessariamente uma coisa prejudicial, desde que se acabe tomando uma decisão e por meio da ação ela se possa concretizar. Em segundo lugar, confundimos ler e pensar com agir. É fácil confundir querer fazer, com agir, sobretudo quando procuramos em nós razões que nos levam a ficarmos confortáveis com as desculpas de não fazer.
Pare de uma vez por todas com isso, não pare de ler ou de querer aprender. O que quero dizer é: Acrescente ação naquilo que quer fazer, naquilo que acha que seria bom para si, naquilo que quer criar e lhe transmite esperança para vir a ser bem-sucedido. Se não for, continue a colocar mais ação no seu desejo. Muito bem, que ação está disposto a concretizar esta semana, ou neste novo ano para se aproximar mais do seu objetivo?
Não se iluda tendo apenas intenção de…
Escreva duas ou três coisas numa folha de papel e execute-as. Atenção, não caia na armadilha de iniciar o processo e interrompe-lo, para depois voltar a falar no mesmo, com desejos de recomeçar, voltando tudo ao mesmo marasmo do costume. Não se deixe enganar com o fato de ao ler assuntos de como mudar, o que fazer e como fazer, que isso só por si fará o trabalho de mudança e implementação da ação, não faz! Quanto muito, pode fazer-lhe sentir que está com intenção de mudar ou de fazer alguma coisa, mas não se iluda, na verdade ainda não fez nada! Dizer é uma coisa, fazer é outra.
Li num livro a seguinte piada: Estão cinco sapos em cima de um tronco. Um tem intenção de saltar. Quantos restam? Cinco, intenção não é fazer.
A dura realidade, é que só mudamos alguma coisa em nós ou nas nossas vidas através da ação. Ler e falar com outros pode trazer-nos clarificação e apoio, pode até proporcionar uma reflexão valiosa sobre o que resulta, o que não resulta ou o que pode ser mais eficaz, mas só retiramos benefício se depois fizermos o trabalho pesado.
Temos de agir, temos de colocar as mãos na massa e experimentar. Só assim ficaremos mais perto do resultado, isto acontece porque o cérebro aprende através da experiência.
Não podemos criar novos percursos neuronais somente por desejarmos ser diferentes, ou por afirmarmos que desejamos ser diferentes, ou por lermos sobre formas de sermos diferentes. Ainda que ler e informarmo-nos possa ser o passo inicial, a concretização tem de ser com a ação. Tal como no futebol, não é a equipa que tem intenção de ganhar que vence, mas a que concretiza mais golos.
Passe à ação
Esta na altura de parar de pensar em fazer, e de começar a fazer. Crie um desafio que lhe dê esperança. Comece com pequenas coisas, experimente-as, vá monitorizando as suas ações e os resultados. Se necessário, vá aferindo os seus passos, vá melhorando as suas ações pouco a pouco, até se sentir confortável para avançar para o próxima etapa. A ideia que lhe quero transmitir neste artigo não é o que fazer, nem como fazer, a ideia que lhe quero transmitir é: FAÇA!
Crie um desafio a si mesmo, crie o desafio de fazer aquilo que há tanto tempo tem intenção de fazer. A esperança de ser bem sucedido reside na quantidade de ações que faz. Mesmo que muitas das ações que fizer se comprovem como infrutíferas, veja isso como fazendo parte do processo, à medida que vai falhando em algumas coisas, pode ir percebendo o que não funciona, o que não deve continuar a fazer. Isto permite-lhe colocar-se num mundo das possibilidades e fazer diferente, o risco que corre é poder ser bem sucedido. E isso é o que pretende.
Se na sua cabeça ecoarem palavras de sabotagem, desafie-as. Tal como a colega, Ana Reis, escreveu no seu artigo: O maior inimigo do sucesso. – “Depois de uns tempos percebi que era eu quem mais sabotava a minha própria evolução. Na minha cabeça exagerava sempre a dor e o desconforto que sentia e, muitas vezes, acabei por desistir antes de tentar sequer uma posição”.
Este é o momento da verdade. Vai começar a praticar o seu novo hábito saudável ou tornar o seu sonho realidade? O que importa é começar. Como J.R.R. Tolkien escreve em A irmandade do Anel: ” É o trabalho que nunca se começa que mais tempo leva a terminar.” Por isso, toca a deitar mãos à obra!
Citação: “Seja como um selo dos correios, cole-se a uma coisa até chegar ao seu destino. – Josh Billings
Concentre-se
Uma das principais razões porque as resoluções ou votos de Ano Novo falham, é as pessoas tentarem mudar muita coisa. Deixam-se arrebatar emocionalmente pela possibilidade de mudança que o Novo Ano promete, só para darem por si, um ou dois meses depois, na situação do costume. Mas pior, porque não só não concretizaram nada, como ainda colocaram mais um fracasso sobre os seus sonhos.
Isto é-lhe familiar? Provavelmente sim, quem não experimentou já o sabor da desilusão? Quantos de nós nos propomos a uma infinidade de coisas, ficando a grande maioria delas por fazer, ou nem sequer se iniciarem. Isto acontece por duas razões:
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Não iniciarmos um conjunto de ações coerentes com os objetivos
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Iniciar demasiadas ações/objetivos, sem uma estratégia definida e orientada.
Escolha uma ou duas coisas, não sete. O cérebro emocional gosta de coisas simples. Querer fazer demasiadas coisas, com demasiado esforço, faz entrar em ação a parte do cérebro que nos diz: “Vamos desistir e voltar aos velhos hábitos.” Para aprofundar mais este tema, pondere ler o nosso artigo: Um pequeno passo pode mudar a sua vida. Fazer demasiado também não nos dá a estrutura de que o cérebro necessita para se concentrar. A repetição cria novos percursos neuronais. Desenvolver um novo hábito exige concentração, para que o consigamos manter em mente durante todo o tempo até não pensarmos mais nele conscientemente.
Se o esforço for exagerado, devido à dispersão de objetivos e coisas a mudar, também a concentração irá dispersar-se, perdendo a sua eficácia, correndo assim o risco de deslizarmos novamente para os hábitos do costume.
Não estou a querer dizer que não podemos trabalhar em mais que uma coisa. Porém esse trabalho necessita de um elevado grau de atenção e concentração. É necessário estarmos altamente focados, como por exemplo, em sentirmo-nos melhor por termos comido bem e fazermos mais exercício, ou tornarmo-nos mais felizes por cultivar as emoções positivas da gratidão e otimismo, em vez da preocupação e do pessimismo.
Dê um nome ao seu desafio
Se quer cuidar do seu corpo, pode atribuir o nome: Projeto corpo saudável. Necessitamos atribuir sentido aos nossos objetivos, desta forma impedimos que se caminhe à deriva, que de outra forma seriam circunstâncias aleatórias com que teríamos de nos confrontar. Ao darmos um nome ao nosso sonho/objetivo/desafio, fazemo-lo intencionalmente, damos ao pensamento algo para que se cristalize, para que aumentemos a probabilidade de fazer o que realmente é nossa intenção fazer.
O nome funciona como lembrete e motivador. O que vou fazer para que se concretize? Depois de terminar, que faço a seguir? Funciona como a estrela polar, para que não percamos o norte por entre milhares de distrações e compromissos do dia-a-dia. Porque não, o Ano de um “Eu” mais positivo. Não tem de ser necessariamente um projeto de um ano, pode ser um mês ou uma semana. Pode focar-se em algo muito específico, como, estratégias para combater o stress, ou algo mais geral, como ser um campeão na sua vida, o que importa é ter um tema coeso. Crie um desafio que lhe dê esperança e execute-o.
Recordo-lhe que o mais importante para alcançar aquilo que pretende é fazer coisas, é colocar-se em ação, movimente-se face ao seu sonho/objetivo, e experimente. Foi, é, e será sempre assim que aprendemos e fazemos as coisas acontecerem.
E você, o que quer fazer acontecer na sua vida? O que vai fazer para ser mais feliz? Para ser um melhor amigo, colega de trabalho, pai, filho. O que vais fazer para concretizar o seu sonho, ou simplesmente mudar aquele hábito incómodo? AÇÃO, muita ação.
Abraço,
Miguel Lucas
Olá Miguel, desde já quero agradecer-lhe por citar um artigo meu. É uma honra e é algo que me deixa bastante feliz.
Este seu artigo está muito bom (para não variar). Para mim fez todo o sentido a frase de Josh Billings. Não a conhecia e agora creio que não vou esquecer.
Com as suas palavras acabou por descrever muitas das pessoas que adoram ler blogues e livros de desenvolvimento pessoal e se ficam pela leitura. Eu já fui um pouco assim (ainda sou em certos momentos). Mas suponho que todos temos momentos em que não acreditamos no nosso próprio poder.
Acredito que o único que nos impede de agir é o medo. Porque pensamos que as nossas acções têm que ser perfeitas. Por isso evitamos escrever, à espera da história perfeita, e evitamos falar com estranhos, à espera de termos na nossa cabeça um guião para uma conversa perfeita. No fundo temos medo de sofrer e isso impede-nos de agir.
Mas na verdade acho que não importa muito que tipo de atitude e de acção vamos tomar. O importante, como você disse, é AGIR. Afinal de contas, qual é a pior coisa que nos pode acontecer? Ser humilhados?
Tenho a certeza que passado uns tempos as pessoas se esquecerão. Porque as pessoas estão sempre mais preocupadas consigo próprias do que com os outros. E depois disso só teremos que nos levantar e tentar outra vez!
Um grande abraço
Olá Ana Reis, obrigado pelo comentário.
A partilha de informação é algo que vejo como uma mais valia para todos, os artigos que são esclarecedores merecem ser divulgados e claro reforçam as ideias e ideais daqueles que como eu e a Ana escrevem.
Este artigo é a expressão daquilo que eu sempre procurei em todo o meu percursso, quer profissional quer pessoal. Por muita informação que possamos receber, tive sempre alguma inquietude de colocar na prática aquilo que me era transmitido. Mas infelizmente, grande parte do material “declarado” qverbalmente ou escrito é muito descritivo e pouco virado para a prática imdediata e/ou caminho para a solução.
Quando escrevo, em pano de fundo tenho sempre isso a “martelar-me” a cabeça, fazendo sempre a mesma pergunta. O que é que as pessoas podem aprender com “isto” e como é que de forma simples poderão aplicar nas suas vidas, ou condição incapacitante?
Tento sempre escrever virado para o esclarecimento e solução, e com alguma frustração nem sempre consigo da melhor forma.
Por trás de qualquer escrita, tento sempre que seja posssível passar as coisas para a acção. Só assim os leitores podem tirar o máximo de benefício daquilo que procuram.
Abraço e continuação de bons conteúdos para você.
Exatamente o que a Ana disse sobre o medo. Medo de errar, medo de não ser adequado aos padrões etc. Esse medo, penso ser o maior limitante de nossos objetivos.
Não podia concordar mais, Miguel.
A dispersão de objectivos…o querer fazer tudo…e principalmente planear, planear, planear…e nunca começar a concretizar…é normalmente um problema comum a toda a humanidade…e o que inavariavelmente acaba por acontecer…é que chegamos a Dezembro do ano que vem…e fizemos pouco ou nada!!
Como penso que disse Confúcio:
“Toda a grande caminhada começa com um pequeno passo”
Malta…..DEFINAM OBJECTIVOS E MÃOS NA MASSA!!!!!
Olá colega Xavier, obrigado pelo comentário.
Pois é, vencer a inércia é um problema com que todos nós nos debatemos, esta é talvez a questão de fundo no sucesso ou não, de todos nós.
Arregaçar as mangas e fazer obra:)
Abraço
Bravo Miguel!!!
Sou uma brasileira que vive depois de nove anos na Suiça, e depois de uns 4 anos venho sofrendo com uma tristeza profunda, angustia, e depressao grave tratada (entre aspas) com medicamentos e terapia.
Nao vejo melhora, nao tenho vontade de fazer mais nada, me deixo ir sem planos, nao tenho uma verdadeira ajuda da familia (nao sabem me ajudar)e procuro ajuda.
Gostei imensamente dos seus textos, te achei super sério na forma como trata os diversos problemas dos seres humanos. Nao sei como, nem se seria possivel, mas gostaria de fazer contato.
Desde jà agradeço. Renilde
Olá Renilde, obrigado pelo comentário.
Fico muito lisonjeado por ver valor nos artigos e perceber que aqui na Escola Psicologia primamos pela seriedade.
Pode entrar em contato através das consultas de psicologia online: http://www.escolapsicologia.com/sessoes-online/
Pode ainda enviar-me email para: geral@escolapsicologia.com
Abraço
Agora poderia dedicar um artigo a pessoas com projetos e sonhos impossíveis.
Por exemplo: Como eu, que desejo encontrar um parceiro, companheiro ideal. Mas sei que isso não existe, nem mesmo existe um método ou técnica, ou esforços para conseguir algo assim. Pois isso é uma parte de nossa vida que não temos controle; acontece ou não.
A frustração nesse caso, acarreta num efeito dominó que faz todos outros projetos de vida indiferentes, automáticos.
Como superar ou substituir esses “projetos imaginários” por reais, seria um bom tema?