Todos os pais, educadores e professores querem ter ferramentas eficazes que contribuam para as crianças se comportarem melhor. Começo por dizer-lhe a coisa mais importante que não deve fazer: gritar com as crianças. Ter uma birra de adulto na frente das crianças é como pisar em areia movediça, o único lugar que você vai é para baixo. Na minha prática de lidar com crianças em contexto social e escolar, aquilo que faço é proporcionar algumas ferramentas comportamentais e cognitivas. Ou seja, ajudo as crianças a aprender a acalmar-se e a resolver problemas. Mas muitas vezes, aquilo que verifico é que os pais ou mesmo educadores, apesar de amarem as crianças e serem bem intencionados, realmente, também precisam de aprender algumas ferramentas.
No entanto, mesmo com todas as ferramentas do mundo, elas não irão funcionar se os pais ou educadores não tiverem a mentalidade adequada para apoiar o uso das ferramentas comportamentais e cognitivas. Deixe-me primeiro mencionar algumas ferramentas. Eu incentivo os pais a praticarem a respiração profunda, relaxamento muscular, estratégias terapêuticas cognitivas (paragem de rotulagem destrutiva e todos os padrões de pensamento de tudo ou nada), visualizações positivas, estratégias empáticas e de escuta reflexiva.
Para que os pais ou educadores desenvolvam uma mentalidade ótima para lidarem com os comportamentos inadequados das crianças, eu recomendo que sejam calmos, firmes e não controladores.
A seguir apresento três sugestões que podem ajudá-lo a implementar uma abordagem não controladora, firme e calma:
1. Seja um ouvinte ativo
Se você estiver a lidar com um conflito, chame a criança à parte e tente perceber como ele realmente se sente relativamente ao assunto ou situação que desencadeou o problema. Evite ser excessivamente crítico. Se você for demasiado duro e depreciativo, a criança sentir-se-á diminuída e ficará na defensiva. Um dos meus clientes, compartilhou comigo como ele achou útil dizer ao seu filho de 10 anos de idade: “Por favor, ajuda-me a entender porque ficaste chateado“.
Apenas esta simples declaração ajudou a que este pai se lembrasse de ouvir, em vez de dar um sermão ao seu filho. Ainda que a criança não tivesse dado uma resposta imediata, o pai percebeu que por fazer esta pergunta deixou a porta aberta para o seu filho sentir-se à vontade para mais tarde compartilhar os seus pensamentos e sentimentos. Esta questão também ajudou a evitar que o pai entrasse em “modo de adivinhação” das razões do filho.
2. Use a compreensão para acalmar-se
Propor-se a ouvir, como descrito acima, ajuda você a se aprofundar e entender o que realmente está acontecendo com a criança. Este é talvez o melhor antídoto para o grito. Ainda que a compreensão isoladamente não possa impedi-lo de gritar, certamente irá ajudar. Tente analisar o que é que você gostaria que a criança mudasse, e, em seguida, explique isso racionalmente para ela. Por exemplo, no caso de um quarto bagunçado, pergunte-se o que seria bom que ele aprendesse a fazer o que você gostaria que ele parasse de fazer.
Por exemplo, até pode ser tolerável deixar que a criança tenha algumas roupas no chão, mas batatas fritas de duas semanas no canto do quarto, isso é que você não tolera? Como por exemplo, é possível que a criança se recuse a preparar-se para a escola, porque ele tem um teste em que não se sente preparado? Ou a criança está com medo de ser rejeitada pelo seu novo grupo de amigos e está descarregando em você?
Fique consciente de que a compreensão do que está acontecendo com a criança vai ajudar a inibir a explosão emocional e consequentemente a acalmar-se. Quanto mais se acalmar, menos reações emocionalmente negativas você terá, e será menos provável que grite.
3. Não leve tudo para o lado pessoal
Não tome nada pessoalmente. Na grande maioria das vezes, nada daquilo que os outros fazem é por causa de você. Esta é a sabedoria valiosa para manter em mente. Se você parar e pensar sobre isso, na maioria das vezes você grita com a criança rebelde, porque está levando a peito (personalizando) os seus comportamentos.
Perceba que a criança desafiante, mesmo que esteja tentando provocá-lo, está realmente se comportando dessa maneira por causa de suas próprias lutas, não por causa de você. Na hora do confronto lembre-se deste ensinamento, isso irá ajudá-lo a não ficar tão frustrado e o seu risco de gritar ou ficar fora de si será muito menor.
Abraço,
Miguel Lucas
Extremamente sensato, como sempre. Parabéns pela postura e obrigado pelo compartilhamento.
Olá Sérgio, obrigado pelo seu retorno. Forte abraço.
Parabéns Dr. Miguel. Estou no Brasil (Recife-PE) e adoro seus textos, aprendo muito com eles. Parabéns!
Roberto do Recife
Olá Roberto, como vai? Fico muito contente por poder ajudar. Abraço,
Gosto muito de ler os seus artigos. São muito confortadores e sempre apontam um melhor caminho para o desfazer de conflitos e construção sólida de personalidades firmes e coerentes.
A propósito sou do Brasil, Minas Gerais , Belo Horizonte
Olá Marlene, espero que esteja tudo bem com você. É sempre muito reconfortante saber que contribuo para o esclarecimento de assuntos que podem ajudar a uma melhor convivência, principalmente com as crianças. Abraço.
Boa orientação. Atitudes simples, que podem proporcionar resultados significativos. Parabéns!
Bom dia Dr. Miguel Lucas
Li alguns de seus artigos e realmente me impressionou a clareza com que aborda as questões de como lidar com nossos filhos, com nossos próprios sentimentos e outros assuntos. Foi de Grande utilidade para mim, uma vez que estou criando um casal de gêmeos (sobrinhos) e estava com muitas dificuldades. Sua sapiência à respeito muito tem me ajudado. Parabéns Dr. Miguel e gratidão por compartilhar conosco informações tão importantes e que são significativas para o nosso melhoramento do dia a dia e de nossas vidas.
Adorei. Ótimo e esclarecedor
como sempre.
o texto é muito bom senhor Doutor, no entanto, eu procuro educar o meu menino de apenas dez mesinhos. eu sinto que não tenho conseguido cativa-lo ou influencia-lo a mudar de atitude quando fza algo errado. o que faço em função da idade dele? Obs: 10 meses
Uma excelente orientação, talvez se tivesse lido antes teria melhorado meu comportamento em abordar a criança, trabalho com 35 crianças na faixa etária de 8 e 9 anos e tem sido muito difícil, pois muitas são indisciplinadas; cultura familiar.Parabéns!
Olá Dr. Miguel Lucas!
É um prazer enorme ler seus artigos. É de conteúdo elevado e de grande valia na aprendizagem contínua de nossas vidas. Com este artigo aprendi mais um pouco de como lidar com os alunos que muitas vezes se estressam de ficar muito tempo na escola (tempo integral) Tenho lidado com alguns de baixa autoestima, ficando assim violentas com os coleguinhas. Muitas já vem com violências na mente, pois já é seu meio de convivência dentro de casa. Não é fácil, mas realmente é preciso saber ouvir esta criança, ficar a sua altura, olhar nos olhos dela. Compreende-la e ensinar a se socializar com os outros coleguinhas. Conversar saparadamente com os conflitantes. Obrigada pelos artigos. Amooo e aprendo sempr com você Miguel. É um anjo que veio para nos ajudar. Grande abraço! Vilma
Sr. Miguel Felipe, são muito bons e frutíferos seus ensinamentos e conhecimentos repassados, aprendo muito lendo teus textos aqui da escola psicologia, senti-me na responsabilidade de agradecer por ter lido tão bom texto!!! Lido com crianças e muitas vezes agimos de forma precipitada não entendo o que a criança passa em casa ou na escola.
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