Todos somos seres sensíveis, é isso que faz de nós seres humanos. Agimos e reagimos às coisas, situações e acontecimentos numa base emocional. Quando algo não ocorre da forma desejada, quando perdemos algo ou alguém significativo, ou a vida desfere um golpe arrebatador, sentimos dor emocional. E, isto é natural. No entanto, o que pode causar-nos problemas é a nossa incapacidade de superar essa mesma dor. As razões podem ser tão diversas como pessoas existem no mundo. Mas, o que provavelmente mais contribui para a manutenção da tristeza e infelicidade é a dificuldade de desapego emocional e consequente incapacidade de foco em ações que possam restaurar o equilíbrio emocional e promover emoções positivas.
A reter: O fim último de toda e qualquer ação é experienciar um determinado sentimento.
Para ser realmente feliz, você tem que ter a noção que está sendo quando estiver a sentir essa felicidade. E, quando você não estiver a ser feliz, também é importante ter essa noção, deixar-se sentir essas emoções não tão agradáveis a fim de poder mudá-las. Você pode perguntar, qual é o propósito disso? Estar triste, chateado ou desesperançado não vai ajudar em nada. Até certo ponto até poderei concordar, mas sentir as emoções, sejam elas positivas ou negativas é um processo importante na manutenção e promoção do equilíbrio emocional.
Usualmente perante um abalo, aquilo que a grande maioria de nós tem impulso é para suprimir as emoções negativas e evitar sentir-se em baixo para seguir em frente com a vida. Mais uma vez, até certo ponto concordo. Só que nós não podemos não sentir as emoções negativas. Pelo que evitar senti-las é impossível, e querer não sentir pode conduzir ao aumento da dor emocional. Você até pode julgar contra-intuitivo o que estou tentado explicar:
Sentir emoções negativas pode realmente ajudar-nos a sentirmo-nos melhor a longo prazo.
Para que a frase anterior faça sentido, é importante trabalhar no conceito que a verdadeira força está em compreender e aceitar a dor emocional. O que nos leva a um conceito mais alargado que permite superar as garras da dor emocional:
Encontrar a felicidade enfrentando os sentimentos negativos, e forjar o caminho compreendendo as emoções negativas.
Ao abordar as suas emoções desta forma, você pode experimentar a sensação de estar em sintonia com você mesmo, o que na grande maioria das vezes reduz a intensidade das suas emoções, ao contrário da evasão, em que você só se sente melhor através da distração. Sentir as suas emoções também permite que você possa gerenciá-las de forma eficaz. Por exemplo, você pode optar por compartilhar as suas emoções com o seu parceiro, o que pode fortalecer a sua conexão e proporcionar uma oportunidade de sentir-se compreendido e querido.
Muitas das pessoas que eu atendo em consulta tradicional, ou nas consultas de psicologia online, apresentam dificuldade em identificar as suas emoções de forma específica. Por exemplo, você pode saber que se sente perturbado, mas deixar a descrição da emoção por isso mesmo. Esta é uma palavra vaga que poderia significar machucado, triste, com raiva, ou alguma outra emoção. Ou, você pode estar habituado a confundir os seus pensamentos por sentimentos, levando-o a responder a uma questão de: como você se sente? com uma avaliação de si mesmo, respondendo: Eu sinto-me tão estúpido.
Isto poderia significar que você se sente envergonhado, diminuído ou culpado (para citar apenas algumas possibilidades). Imprecisão com as emoções pode impedir que você seja capaz de enfrentar de forma saudável algumas dificuldades e problemas psicológicas, ou até as mais profundas feridas emocionais.
Então, para ajudar a si mesmo a curar a dor emocional, o melhor é seguir os princípios e conceitos atrás referidos, identificando e ligando-se às suas emoções. Em seguida apresento algumas das estratégias que podem facilitá-lo na implementação do conceito (aceitação e desapego):
Preste atenção às sensações corporais
As emoções são baseados em reações do seu corpo, por isso é extremamente útil prestar atenção a essas sensações, quer sejam agradáveis ou desagradáveis. Você sente tensão e incómodo em alguma parte do seu corpo? Borboletas ou náuseas no estômago? Nó na garganta? Peso nos olhos? Ou, talvez uma sensação de dormência?
Registe o tipo de sensação que o incomoda, identificando igualmente qual a parte do corpo em que se está a manifestar. Importa ainda criar uma escala de intensidade, do género: (0-10). Assim pode dizer, por exemplo: “Hoje sinto uma tensão elevada de grau (8) na zona dos pescoço.” Ao quantificar a intensidade do incómodo, deixa de avaliar as suas sensações físicas em forma de tudo ou nada. A gradação permite que mais facilmente possa escolher o que fazer para diminuir o incómodo da dor e consequente sentimento que possa emergir.
Considere que emoções você está sentindo
Depois de identificar e quantificar as sensações do seu corpo, você pode perceber que emoções particulares emergem na sua mente e que lhes estão associadas. A tensão no seu peito pode indicar ansiedade. As lágrimas nos seus olhos e garganta apertada podem indicar tristeza. O seu coração acelerado pode indicar medo ou apreensão.
Se você ainda tiver problemas para identificar os seus sentimentos, pode ser benéfico familiarizar-se com um leque alargado de emoções, aumentando o seu vocabulário emocional. Depois de tomar consciência das palavras que mais utiliza para descrever os seus estados, pondere criar uma lista pessoal, especificando as sua emoções ou sentimentos.
Por exemplo: abandonado, aceite, agitado, agressivo, alerta, maravilhado, ambicioso, divertido, enfurecido, animosidade, irritado, apreensivo, ardente, despertado, envergonhado, traído, aturdido, amargo, entediado, sem fôlego, alegre, pretensioso, frio, confortável, compassivo, preocupado, confiante, confuso, corajoso, covarde, astuto, excêntrico, curioso, cínico, encantado, delirante, entre outros.
Considere o que alguém pode sentir em circunstâncias idênticas
Ainda perdido com o que você está sentindo? Pense sobre o que outra pessoa na sua situação (talvez um amigo ou membro da família positivo e otimista) poderá sentir. Às vezes distanciar-se é exatamente o que você precisa para ajudá-lo a identificar as suas próprias emoções. Por vezes somos tendenciosos a avaliar as situações que enfrentamos, o que poderá promover igualmente uma cascata emocional negativa tendenciosa.
Isto leva-nos a criar uma cegueira mental, ou seja, sentimos um incómodo físico que no passado pode ter sido interpretado erradamente e assim continuamos erradamente a avaliar. Fazermos uso da projeção acerca do que outra pessoa poderia sentir, pode ser um excelente exercício de contestar as nossas próprias emoções, conduzindo-nos a uma melhor análise e consequente reequilíbrio emocional.
Seja compassivo com a sua experiência
Para superar e ultrapassar as suas emoções incómodas, você deve tratá-las com gentileza. Utilize o mesmo método que utilizaria para se aproximar de alguém que está sofrendo, seja compassivo com a sua própria dor. Embora não possa mudar nada, a compaixão com a dor promove a superação. Não é diferente do que acontece quando você acalma uma criança chorando, oferecendo abraços, beijos e amor, ou quando você se sente melhor depois de permitir-se chorar.
Fique com as suas emoções e certifique-se que você está bem. Ao fazer isso, você vai notar que se sente ligado a você mesmo e que desta forma se sente “bem” (embora possa estar a passar por momentos menos bons e a ter sensações e sentimentos desagradáveis).
Dica: Nós não somos as nossas emoções, somos aquele que sente as emoções e que pode decidir ficar de bem com elas, mesmo sabendo que são difíceis de suportar. Entender este conceito, é um passo importante para separarmo-nos das nossas emoções. Elas pertencem-nos, mas nós somos muito mais que isso. Não somos os nossos sentimentos. Nós somos aquele que sente.
Seguir em frente
Depois de aprender a sentir as suas emoções e tratá-las com compaixão, é hora de reorientar a sua atenção para as outras área da sua vida, de preferência situações, atividades ou interações que possam fazê-lo sentir-se bem. Se, os sentimentos dolorosos se fizerem sentir de novo (até mesmo repetidamente), e o foco da sua atenção tenha de ser maioritariamente para o seu reequilíbrio emocional, seja paciente com você mesmo. Trabalhar na melhoria do seu estado através dos seus sentimentos, leva tempo.
Abraço,
Miguel Lucas
Obrigada por dar estes conselhos Miguel Lucas, são de grande valia. Preciso muito controlar minhas emoções, mais percebo que tento esconde-las ao máximo em vez de procurar compreendê-las e acalmar meu coração e minha mente.
Abraço
Olá Ana, obrigado pelo comentário
É sempre muito enriquecedor saber que contribuo para a mudança positiva dos leitores. Continue firme no seu desenvolvimento no sentido de gerir melhor as suas emoções. O esforço certamente valerá a pena.
Força e convicção.
Abraço
Miguel, os seus artigos são sempre de grande valia e quando estou precisando melhorar os meus sentimentos recorro a eles, sempre.
O controle das emoções parece simples mas necessita de treino, com o tempo pode-se mudar qualquer estado controlando o foco dos pensamentos, digo isso por experiência própria e após estudar um pouco mais sobre a Psicologia e o porque de sentirmos determinadas emoções, consegui cuidar melhor dos meus sentimentos e consequentemente dos sentimentos dos outros.
Digo por experiência que este estudo fez-me ter um maior cuidado também com o perdão e percebi que perdoar faz um bem enorme, emocionalmente falando, independente da crença.
Obrigado Miguel por esta verdadeira aula sobre a mente humana.
Olá Ricardo, obrigado pelo seu comentário
Sem dúvida que saber regular as emoções é um enorme benefício para a nossa vida, e como tudo o resto que aprendemos, saber gerir as emoções necessita de treino. Para que esse processo ocorra é necessário estarmos expostos a todo o tipo de emoções sem alarmes.
Fico contente que este artigo tenha sido útil.
Boa continuação de melhorias.
Abraço
eu nao sou psicologo mas dei psicologia como cadeira e nao como curso
contudo e bem vindo estes ensinamento se queremos as preucupações diferem de país em país
bem como da posição social com isto quero dizer
país rico
país pobre
desempregado
empregado
analfabeto
literado
as inferencias devem ir ao encontro dos visados.
Miguel parabéns pelo ensinamento!
Favor escrever sobre a psicologia na preparação para a maratona do concurso público.
Ex.: Concentração, entendimento, memorização,…
Obrigado.
Gostei muito de seus ensinamentos. Tenho tentado sufocar minha tristeza trabalhando sem parar e quando choro, sinto-me boba, fraca, idiota. Porém agora, vou ser mais cuidadosa comigo mesma e deixar vir à tona meus sentimentos, sem abafá-los. Fiz td que vc falou, a lista de palavras, anotações de como estou me sentindo, a projeção para registrar como outra pessoa reagiria com o que estou passando. Quero recuperar meu equilíbrio emocional. Não vou mais julgar-me uma boba quando chorar… Tratar-me-ei com carinho pois se não amar a mim mesma como amarei meu próximo? Que Deus lhe abençoe por trazer tanto alívio a quem precisa! Obrigada!
Miguel gostaria de ter um curso particular com voce sou empresario e esportista e estou precisando do controle emocianal em minha vida se puder me ajudar mande email.
Miguel, sinto-me mais aliviado de certas dores emocionais que tive – e que infelizmente as sinto até o(os) dia(as) de hoje. Porém, lendo seu blog, sentir-me ainda mais alíviado e te faço uma pergunta: o correto, resumindo tudo, seria aceitar essas dores e trabalhar de alguma forma positiva em cima delas? Abraços!
Miguel boa tarde!
Olha para poder se preocupar com o proximo é preciso muito amor, ainda mais nos tempos de hoje em que so olhamos para o umbigo. Trato-me com psiquiatra e tenho (tinha profetizo) muito problema emocional, a ponto de ter varias crises e nao me perdoar por tanta burrada que fiz. Quero agradecer em primeiro lugar ao meu DEUS que permitiu encontrar tua pagina e a ti por nos colocar pra cima.
Meu psiquiatra disse me pra procurar um psicologo tambem pra descobrir o ponto crucial que desencadeou este desequilibrio. De certa forma sei um pouco tenho tres bençãos 13 15 17anos o quais não pude ser mãe, participar da vida ativamente com isto me frustrei e entrei em depressão e outras coisas a mais me perguntando, já que passei minha vida toda lutando por eles.
Se puder dar-me umas dicas, fico agradecida
Paz de Cristo
Miguel, boa tarde! Gostei muito de suas abordagem. O problema é que me sinto como aquela mulhuer nos trilhos do trem. Sinto uma dor tão forte interior que é quase impossível suportaá-la. Descobri que as pessoas que tiram suas vidas só querem se livrar da dor que sentem e não porque são covardes. Esse pensamento não me sai da cabeça. Mais penso nos meus filhos e o que eles poderiam pensar o quanto fui fraca. Já procurei um psicologo e um psiquiatra mais acho que não estão me ajudando muito. Obrigada só queria desabafar.
Gostei do assunto em debate e ja tentei a evasão por meio de distração é boa mas uma hora ou outra o medo consome quando se bate de frente ao problema e sente faltando algo e a tristeza acompanha…você sente o coração mas prefere vestir uma capa preta e se manter sem ser tocado, por um medo q prefere manter pra si mesmo. Disfarçado.