Sempre que eu encaro um desafio ou me deparo com uma situação nova na minha vida profissional, tendo a perspectivar um caminho que me prepare para a situação no sentido de poder ser bem sucedido. Para que isso aconteça surgem algumas questões na minha mente. Eu quero descobrir o que está acontecendo, quem está fazendo o quê, se estou à altura da exigências e qual é a minha melhor estratégia a adotar. Eu não gosto de fazer papel de tolo. Acredito que ninguém goste.
Este cenário não se limita apenas aos desafios ou à minha vida profissional. Eu realmente não gosto de fazer papel de tolo em nenhuma circunstância. Eu sempre gosto de sentir-me seguro e mostrar o meu potencial para os outros. A minha mente está focada no sucesso, em passar uma boa imagem, ser assertivo, competente e apaixonado no que faço. As coisas têm de valer a pena.
Será que este cenário é familiar para você? O desejo de sentir-se bem, ser competente e bem sucedido é um desejo legítimo. Então, seguindo esta linha de raciocínio é completamente compreensível querer evitar sentir-se envergonhado, desajeitado, ou fora de controle. Além disso, quem não gosta que os outros o vejam como inteligente, atlético, musicalmente talentoso, e assim por diante? Mas como é que vamos conseguir isso?
Insistimos em que temos que primar em tudo o que tentamos. Afinal, se não estamos tentando o nosso melhor, não estamos apenas a concordar em baixar a fasquia da vida? Isso não será ficar-se paralisado, ou ausente de objetivos? Estamos dispostos a permanecer sempre na nossa zona de conforto, sem dar um passo no desconhecido?
Iremos mais à frente perceber que é necessário estabelecer um equilíbrio entre o que importa fazer excelentemente e aquilo que simplesmente basta fazer-se.
Perfeccionismo radical
Um perfeccionismo radical pode promover um conjunto de problemas e dificuldades no dia-a-dia da pessoa. Se por um lado se pretende ser exigente, ter um bom desempenho e fazer as coisas de forma correta, o que pode promover a autoestima e percepção de valor da própria pessoa, por outro lado, pode ser um inibidor de algumas ações sempre que a pessoa não se sinta capaz de um elevado desempenho ou dedicação.
Quando a pessoa se sente “presa” neste tipo de avaliação, pode vir a abandonar algumas das coisas que gosta ou que gostaria de vir a fazer ou a conquistar, podendo levar à procrastinação recorrente. O perfeccionismo radical pode levar à paralisação de grande parte das ações da pessoa. Este processo é tremendamente frustrante, dado que a pessoa percepciona-se como exigente, tendo objetivos elevados no que se propõe.
Por vezes o resultado é paradoxal, levando a pessoa a restringir algumas das suas atividades, objetivos ou desafios por perceber que não irá conseguir um bom desempenho. Ou, em alguns casos quando parte para a ação e as coisas não acontecem como desejado, a frustração é enorme, levando igualmente ao afastamento da tarefa no futuro.
Certamente parece-nos viável para a nossa vida fazermos as coisas bem. Mas fazer bem é uma avaliação subjetiva. E é nesta subjetividade que nos poderemos perder em pormenores perfeccionistas que podem atrapalhar-nos a funcionalidade de vida.
Desta forma importa levar dois conceitos em consideração para podermos usar o perfeccionismo (que não é bom nem mau em si mesmo) de forma funcional e adequada no nosso dia-a-dia. Que é a noção de grau de importância e prioridade.
Certamente se você pensar sobre o assunto, rapidamente reconhece que tentar fazer tudo bem e tendo o mesmo grau de desempenho, o mesmo nível de detalhe, energia, esforço em tudo aquilo a que se propõe fazer deixa-o num estado de exaustão e de elevado stress a maior parte do tempo. Neste estado pode emergir a sensação de que nunca é capaz de começar a trabalhar no que é mais significativo para você.
Acredito que tem consciência que existem limitações de tempo e recursos. No entanto, provavelmente tende a esquecer-se dessas restrições e seguir em frente, exigindo de si mesmo em grau de importância e de prioridade como se tivesse todo o tempo do mundo num dia de vinte e quatro horas. Em piloto automático, a pessoa tende a esquecer-se deste pormenor. É importante que com regularidade lembre a si mesmo que o tempo e os recursos disponíveis são limitados.
A saber: É primordial que tenha a noção do grau de importância de cada coisa que tem que realizar no seu dia-a-dia e qual a prioridade dessa tarefa ou assunto em mãos.
Para que possa passar a usar o seu perfeccionismo de forma adequada relativamente a determinados assuntos ou tarefas importa aprender a fazer distinções de grau e de prioridade sobre os seus esforços, empenho e dedicação. É importante saber quando é que deve e no que deve dar 100% de si mesmo.
Considere fazer o seguinte exercício:
- Pense nas várias habilidades e nas tarefas que você precisa realizar no seu trabalho. Se você tivesse que escolher três delas em que quisesse ser Excelente. Como aquelas tarefas ou execução de habilidades que fazem senti-lo muito satisfeito e para o qual você gostaria de obter uma nota excelente (como se estivesse na escola), quais seriam? Essas são as atividades em que você investiria 100% dos seus esforços. Anote-as numa folha de papel como sendo o seu “Excelente”. São as tarefas onde você gosta de dar 100%.
- Agora considere as suas tarefas de Bom. Estes são os aspectos do seu trabalho para o qual você poderia dar 80% e ainda sentindo que o desempenho foi bom. Que você não as executou de forma desprendida ou negligente. Tenha em mente que você pode redistribuir o tempo adicional que poderia ter gasto a aperfeiçoar essas atividades para outras áreas mais críticas. Pense em três “tarefas” em que o seu desempenho deva ser Bom e registe-as na folha de papel.
- Agora, considerar se há tarefas que, essencialmente, a maioria das pessoas, incluindo você, não vê ou não considera como significativas. Estas são atividades que realmente requerem um esforço e tempo mínimos, por exemplo, certificando-se que os e-mails que você envia para os subordinados não têm erros de ortografia e utiliza a capitalização adequada. Quais são as tarefas que poderiam receber um “Satisfaz”, ou seja, serem apenas medianas? Por outras palavras, quando você realmente pensa acerca desse tipo de tarefas, quais os aspectos do seu trabalho que não precisa destacar? Estas são tarefas que você pode terminar de forma tão eficiente quanto possível e depois passar para questões mais urgentes. Ou seja, às vezes é mais eficaz “baixar a fasquia.” Na mesma folha de papel escrevas as três tarefas de “Satisfaz””.
- Finalmente, existem algumas tarefas que execute que consomem imenso tempo, mas que, na realidade não tem uma importância significativa? Estas são referidas como “Não Satisfaz”. Estes são esforços que não lhe dão qualquer satisfação, uma vez completados, não são motivo de qualquer reconhecimento. No entanto, são tarefas que têm de ser realizadas, você assume que precisa de fazê-las. Liste três dessas tarefas na sua folha de registo.
Lembre-se, o seu tempo, energia e recursos são limitados. Seja estratégico sobre as coisas que deve dar mais destaque e dedique-lhes a maior parte dos seus esforços e desempenho. Redistribua o tempo e a sua atenção das tarefas de menos importância, e que você valoriza menos para outras mais importantes e que valoriza mais.
Crie uma escala de importância e de prioridade. Com essa noção em mente você sabe onde deverá ser perfeccionista e onde não vale a pena investir as suas habilidades mais preciosas e preciosismo.
Bom perfeccionismo versus mau perfeccionismo
No livro, Better By Mistake, a autora Alina Tugend oferece uma distinção útil entre bom perfeccionismo e mau perfeccionismo:
Ser perfeccionista não é uma coisa ruim, na verdade, isso pode significar que você tem padrões muito elevados e muitas vezes atende a esses padrões. Aqueles que têm tendências perfeccionistas, sem terem regras tendenciosas, ou que não arruinem as suas vidas são o que os psiquiatras chamam de “adaptação” perfeccionista. Eles acham muito importante fazer as coisas da maneira certa, mas esta necessidade não prejudica as suas vidas podendo realmente ajudá-los a alcançar grande sucesso.
Por outro lado, o que os psiquiatras chamam de perfeccionistas desajustados é quando estes precisam ser o melhor em tudo, e quando cometem um erro, é uma crise. Também não é apenas sobre como se percebem, mas sobre como os outros os percebem: eles acreditam que vão perder o respeito dos amigos e colegas caso falhem. Eles têm que fazer tudo bem o tempo todo. A sua necessidade de perfeccionismo pode sabotar o seu próprio sucesso.
Claramente, o perfeccionismo desajustado pode sugar as motivações mais prementes, torna-se um ladrão de horas, senão dias, minando a alegria. Por vezes, o perfeccionismo desmedido leva a que a pessoa use o pensamento de filtragem, que é considerado uma distorção cognitiva (erro de raciocínio).
A pessoa olha apenas para os aspetos que necessitam ser melhorados, isso ocupa-lhe grande parte da atenção e prioridades, relegando para segundo plano todas as outras coisas. Especialmente as que estão bem, as positivas e aquelas das quais poderia retirar algum prazer e satisfação.
É como se a pessoa tivesse uma visão de túnel, onde fica cego para as bênçãos que acontecem ao seu redor. Perdendo desta forma as oportunidades de contemplação das coisas boas e simples que vão acontecendo na vida. Podemos chamar a este processo de:
“O Problema do perfeccionismo”
O problema do perfeccionismo estabelece uma forte relação com a cultura que vivemos na atualidade. Damos implacavelmente maior ênfase na realização e consecução de metas. Dizemos aos nossos filhos que as notas não correspondem ao que eles aprenderam.
Tendemos a medir as nossas vidas em termos de sucesso e realização e perdemos a perspectiva sobre o que pode significar viver bem. Isso rompe com qualquer senso de equilíbrio nas nossas vidas. Parece que estamos a perder a capacidade de admiração, contemplação e reverência.
A incapacidade de aceitar algumas das nossas realidades, leva-nos ao sofrimento.Você consegue imaginar-se a olhar para um arco-íris magnífico e reclamar que a largura de uma cor é imperfeita porque é mais estreita do que as outras cores?
Provavelmente até consegue imaginar, mas seria certamente um cenário ridículo, que também estaria arruinando o esplendor do momento. No perfeccionismo desmedido é exatamente o que acontece. A pessoa julga de forma negativa, depreciativa e mordaz as suas próprias imperfeições.
Dica: Por vezes, esquecemos que, enquanto humanos também somos parte da natureza. Como tal, beneficiaríamos se aceitássemos o fluxo natural da vida, que por sinal, acontece de forma imperfeita.
Então, o que devemos tentar alcançar é aproveitar o nosso perfeccionismo de uma forma que pode permitir-nos permanecer no momento, e experimentar a maravilha que nasce da imperfeição.
O problema com a perfeição
Nos últimos anos, tratei um número crescente de pessoas que relatam ter um elevado sofrimento e insatisfação devido à busca da perfeição. O desejo de ser perfeito ou fazer tudo na perfeição cria um conjunto de armadilhas e fardos aprisionando essas pessoas num stress implacável, muitas vezes criando o caos nas suas vidas.
Isto é de fato muito curioso e paradoxal, uma vez que essas mesmas pessoas acreditam que a busca da perfeição é desejável. Como muitas crenças e premissas operacionais, quando olhamos mais profundamente, elas podem parecer não fazer sentido.
A perfeição sugere um estado de perfeição, sem quaisquer defeitos. Para ser perfeito implica uma condição na qual a sua ação ou desempenho atinge um nível de excelência que não pode ser excedido. Procurar a perfeição numa determinada tarefa pode ser viável e, certamente, um oleiro pode esforçar-se para atingir um grau perfeito na criação da sua peça ou você pode tentar realizar um desempenho perfeito em algo.
Todos esperamos, caso estejamos numa mesa de operação, que o cirurgião faça um trabalho perfeito. No entanto, o objetivo de ser perfeito na vida é uma história completamente diferente. Uma máquina ou dispositivo electrónico pode funcionar perfeitamente, pelo menos por um tempo. No entanto, ao longo do tempo ela vai começar a desgastar-se e a necessitar de uma reparação.
A própria noção de perfeição está enraizada no paradigma do universo mecanicista de Newton. Os seres humanos, no entanto, nunca foram destinados a ser perfeitos. Isso é parte da definição do ser humano. Na vida em geral é muito mais premente sermos funcionais do que perfeitos.
Considere a expressão: “Eu sou apenas humano.”
“Que há de errado em procurar a excelência e tentar melhorar?”
Respondo a esta questão da seguinte forma:
“Não há nenhum problema com isso, se for feito com equilíbrio.
Importa perceber que fazer melhor, não tem necessariamente de ser mais perfeito. Melhor pode ser uma questão de funcionalidade. Algo que cumpre um determinado objetivo de forma mais eficaz, rentável e adequada. Podemos sempre tentar melhorar, dentro daquilo que é razoável e exequível. No entanto na presença da falha, do erro ou do fracasso é necessário que isso não desespere a pessoa. É necessário que ela não se ache desadequada, sem valor.
É importante ficar ciente de que todos falhamos, que todos temos momentos menos bons, e que não vem mal ao mundo se algumas coisas não derem certo. Perante cenários de fracasso o perfeccionista desajustado vês as coisas à luz de uma distorção de pensamento, baseada na crença de tudo ou nada.
“Ou faço perfeito ou não faço. Ou tenho sucesso absoluto ou sou um fracassado.”
Este tipo de análise é tudo menos adequada e funcional. Ao invés, provoca desagrado e imenso sofrimento. Fracassar numa determinada tarefa ou situação de vida não faz necessariamente da pessoa um fracassado. Até porque nós temos a possibilidade de aprender a fazer as coisas de forma mais funcional numa próxima oportunidade, desde que nos proponhamos a isso.
Na presença de uma avaliação autodepreciativa como: “Eu não valho nada” ou “Tudo o que faço tem de ser perfeito” pode levar a pessoa a ficar paralisada nas suas ações, sempre que se percepciona sem capacidade para executar ou ser perfeito em algo que pretende realizar.
A máscara para a insegurança
Muitas vezes tenho em terapia pessoas que apresentam-se obcecados pela sua necessidade de serem perfeitos. Tenho vindo a perceber que a procura de perfeição por parte dessas pessoas é realmente um disfarce para a sua insegurança. Quando desenvolvemos a noção de que não somos bons o suficiente da forma como somos, estamos a julgar-nos a nós mesmos de forma negativa e destrutiva, gerando sofrimento.
Para algumas pessoas o esforço para ser perfeito pode mascarar um sentimento de inadequação. As pessoas que querem ser perfeitas geralmente têm um senso exagerado das suas próprias falhas. Pode estar relacionado com experiências anteriores de criticas de figuras de autoridade ou modelos educacionais em que interiorizaram mensagens de que não eram bons o suficiente.
Então criaram a ideia de que só sendo perfeitos poderiam ser irrepreensíveis. Com tal aflição, poderíamos olhar para o perfeccionismo como uma compensação de experiências anteriores, em que alguém corrompeu o seu senso de valor , bem-estar e autoestima.
Como uma resposta compensatória, o esforço em direção à perfeição é erroneamente procurado como uma solução. Os perfeccionistas por vezes tendem a pensar que as outras pessoas são de alguma forma melhores ou superiores a eles, então eles precisam não ter defeito algum para se sentirem valorizados. Isso é uma crença muito prejudicial.
As pessoas que buscam a perfeição desmedida são mais sensíveis às opiniões dos outros. De fato, esses julgamentos são na maioria das vezes imaginados. Todo mundo tem uma opinião, mas considerar a opinião de alguém como se fosse um juiz é muito perturbadora. Afinal, ninguém pode julgá-lo (num cenário comum e assertivo), a menos que você confira à pessoa o poder para tal.
Cuidado com a autoavaliação e monitorização desmedida de si mesmo
No meu trabalho como psicólogo, muitas vezes percebo que algumas pessoas são atormentados por uma avaliação implacável de si mesmos. Estas pessoas carregam um diálogo interno no qual a sua voz crítica é escravizante. Sentem-se compelidos a julgar e a avaliar a maioria dos aspetos das suas vidas.
Em tais circunstâncias, estas pessoas raramente atingem a bênção de apreciar o momento presente. Por exemplo, quando em conversa com outras pessoas, estão apenas parcialmente lá, num aspecto mais privado, ao mesmo tempo estão realizando uma autocrítica. A sua voz autocrítica é incorporada na grande maioria das ações, atitudes e mesmo pensamentos num sulco profundo e previsível.
Às vezes estas pessoas desenvolvem um diálogo interno que fala na segunda pessoa. Ao invés de falar na primeira pessoa, “Eu”, a voz fala ainda de forma mais crítica, “Você”. Em substituição ao pensamento: “Eu não deveria ter feito isso”, a pessoa pode dizer: “Como você pôde ter feito isso?” Quando este tipo de diálogo na segunda pessoa ocorre, quem está realmente falando?
Há, literalmente, uma voz de avaliação em muitas pessoas que se torna numa segunda pessoa crítica. Às vezes isso simplesmente replica a experiência de infância do pai ou de um educador crítico. O maior problema é que a pessoa incorpora a voz antiga de alguma pessoa dominadora e castradora como se fosse a sua própria voz, associando por vezes frazes críticas que ficaram gravadas na memória.
Você não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo (exceto na teoria quântica), assim como não é prático ou funcional envolver-se em dois pensamentos simultaneamente. Cada momento em que durante uma conversa ou ação se julgar a si mesmo de forma pejorativa, é um momento em que você não escolheu a opção melhor e mais saudável. O verdadeiro potencial nunca é atingido. A tranquilidade e atenção nunca são alcançados se tiver num estado de análise, num estado de sobreposição da sua voz crítica e negativista.
Estes são momentos de experiências valiosas da vida, irremediavelmente perdidos. Se uma percentagem significativa dos seus pensamentos são autocríticos, então na verdade você está criando essas experiências de vida que seguem um caminho autossabotador. Está passando ao lado de apreciar o momento por aquilo que ele é, uma rica e alegre experiência de vida.
Basta pensar em como isso pode afetar os seus relacionamentos. Se você não está presente para si mesmo, como pode estar para outra pessoa? Se você se sentir perturbado pelo seu próprio descontentamento, inevitavelmente isso terá consequências incalculáveis ??para as suas relações com os outros.
Aprender a libertar-se desse sulco de negatividade é totalmente viável uma vez que você defina a sua intenção. As técnicas descritas noutros artigos podem guiá-lo na implementação de novas formas de pensar, sentir e agir:
- Abandone a negatividade: Acabe com o diálogo autocrítico
- Saia da sua zona de conforto e potencie a sua vida
- Abandone a mentalidade de vítima
Não pretendi passar a mensagem que não devemos avaliar a nós mesmos, nada disso. Há uma grande diferença entre a análise e avaliação dos nossos pensamentos num reflexo de auto-avaliação (avaliação construtiva) e uma monitorização desmedida fundamentada em pressupostos críticos depreciativos, sedimentados por crenças de perfeição desajustadas (avaliação destrutiva).
Avaliar é uma suave e subtil análise, enquanto que a monitorização exacerbada faz um corte muito mais profundo e incisivo no tecido do nosso ser. Tal medida rompe a integridade da nossa experiência de vida e rompe a nossa maior participação com a vida. Você não pode participar no fluxo da vida, se estiver atolado numa auto-medição analítica.
Abraço,
Miguel Lucas
“O perfeccionismo radical pode levar à paralisação de grande parte das ações da pessoa. Este processo é tremendamente frustrante, dado que a pessoa percepciona-se como exigente, tendo objetivos elevados no que se propõe. Mas, por vezes o resultado é paradoxal, levando a pessoa a restringir algumas das suas atividades, objetivos ou desafios por perceber que não irá conseguir um bom desempenho. Ou, em alguns casos quando parte para a ação e as coisas não acontecem como desejado, a frustração é enorme, levando igualmente ao afastamento da tarefa no futuro.”
Considerando o trecho acima, ML, no meu caso, tenho alguma dificuldade em lidar com os resultados menos bons do passado. Tenho um sentimento de rejeição a percorrer novamente atrás do objetivo ou desafio de vida, por medo de me sentir incapacitado pelos resultados não desejados.
No caso, que comportamento/pensamento seria mais funcional para lidar com issa limitação autosabotadora, Dr. M L?
Olá César, obrigado pelo comentário
De acordo com aquilo que relata, os seus sentimentos na base, emergem do medo. Não um medo de ameaça concreto, mas no fundo um medo de fazer má figura, de não ser bem aceite, de pode vir a sentir-se um fracassado.
Estes são tipos de medo, que conscientemente não os abordamos como medo. São medos subjetivos, fundamentados em crenças que se foram construíndo al longo do tempo, sempre na tentativa de autoproteção.
Olhando para isso de forma consciente, esses medos parece-nos irracionais. Assim que tome consciência disso, está a preparar o terreno para posteriormente poder “trabalhar” nessas autosabotagens.
Leia:
http://www.escolapsicologia.com/reinicie-a-sua-vida-deixe-de-fazer-auto-sabotagem/
http://www.escolapsicologia.com/8-dicas-para-superar-o-medo-do-fracasso/
Abraço
Excelente artigo. Achei muito interessante o modo que você apresentou esse assunto. Parabéns.
Olá Bruno, obrigado pelo comentário
Fico agradecido pelas suas palavras
Abraço
Eu adorei ler esse artigo, pq eu sou assim e tenho sofrido muito pra mudar esse comportamento ou pelo menos atenuá-lo. Estou cursando 2º período de psicologia e na verdade tem sido muito bom pra mim, pois eu estou me descobrindo e consequentemente me auto-ajudando para que depois possa ajudar os outros.
Olá, obrigado pelo comentário
Fico contente com o fato do artigo poder esclarecê-lo. Fico esperançado que possa atenuar algum do seu sofrimento.
Abraço
Interessante poder ler, todos os sentimentos de uma vida,verbalizados num texto. Sempre senti tudo isso que foi descrito. Engraçado que eu passei a vida toda defendo esse meu jeito de ser. Pude perceber que já passei por várias fases citadas no artigo. Desde a cobrança excessiva na infância, e a posterior necessidade de compensar a inadequação, ao ápice de não fazer quase nada por não me sentir potencialmente capaz de atingir a perfeição nas pequenas coisas do dia a dia, durante a adolescência. Hoje com 21 anos, depois de 4 anos estagnada numa depressão, sinto-me mais próxima ao “perfeccionismo adequado”, sinto-me viva e capaz de dividir e organizar toda a enxurrada de coisas que nos são impostas no dia a dia. Sinto que estou tendo controle da minha vida, diante do caos. E o site , certamente, não só a mim, mas a grande parte das pessoas que o acompanham funciona como o melhor amigo nesses momentos. Parabéns pelo Excelente trabalho.