O que significa ser flexível? Acredite ou não, essa pergunta aparentemente simples é realmente muito difícil de responder. Algumas pessoas são flexíveis quando se trata de mudar planos para o jantar. Outros têm grande flexibilidade física que lhes permite realizar incríveis proezas atléticas. E outras pessoas podem alternar rapidamente entre o uso de diferentes linguagens. E assim por diante. Mas no que diz respeito à alternância de formas de lidar com as suas emoções em diferentes situações? Você é rígido ou flexível em termos emocionais? Você consegue regular as suas emoções até ao ponto de tomar decisões que possam ser adaptativas e vantajosas para a sua vida?
Flexibilidade emocional como promotor de saúde mental
Um tipo particular de flexibilidade que é de grande interesse para o equilíbrio emocional é a flexibilidade emocional. Em poucas palavras, esta flexibilidade tem a sua base na capacidade das pessoas usarem diferentes estratégias de regulação da emoção, à medida que as circunstâncias mudam. A flexibilidade emocional não deve ser vista como uma mudança de opinião, de valor ou de significado das coisas, mas sim como mais possibilidades de resposta comportamental perante a situação que se enfrenta, tendo como objetivo ser assertivo e evitar o sofrimento emocional.
Com o treinamento devido, você pode conseguir chegar ao ponto de aplicar diferentes estratégias de regulação emocional em função das exigências do contexto. Este processo bem desenvolvido torna-se numa vantagem para a vida. Por exemplo, uma reavaliação cognitiva pode ser útil em algumas situações: “A pessoa com quem combinei um encontro não apareceu, provavelmente teve de ficar a trabalhar até mais tarde, e não porque não gosta de mim.“
Mas em outras situações pode ser mais assertivo adequar-se às circunstâncias, aceitando, por exemplo: “Aceito que o meu colega de trabalho me delegue grande parte das tarefas, porque ele está há mais tempo na empresa do que eu“. Da mesma forma, uma estratégia de recusa, tal como o evitamento, por vezes pode ser útil, por exemplo, declinando um convite para almoço de um colega de trabalho desagradável. Mas não em outros momentos, por exemplo, procrastinar quando estamos responsáveis de terminar um projeto urgente.
É importante ressaltar que há cada vez mais evidências sugerindo que a flexibilidade com que vamos implementando estratégias de regulação emocional pode ser a chave para a nossa saúde mental. As pessoas que frequentemente usam a aceitação e a reavaliação em diferentes situações das suas vidas apresentam menos problemas emocionais e transtornos psicológicos, comparativamente às pessoas que não são flexíveis na forma como gerem as suas emoções. Em suma, a flexibilidade emocional é um promotor de saúde mental.
Então, como é que você no seu dia a dia percebe que usa diferentes estratégias de regulação emocional em diferentes situações? Tente verificar em que situações distintas você se comporta também de forma distinta. Por exemplo, em que situações você aplica:
- Aceitar
- Reavaliar
- Distrair-se
- Preocupar-se com o futuro
- Ruminar sobre o passado
- Ficar preso em pensamentos obsessivos
- Criticar a si mesmo
- Criticar os outros
- Agir com agressividade
- Agir assertivamente
Nenhum destes exemplos isoladamente deve ser considerado certo ou errado. São as circunstâncias, o momento presente e a decisão da pessoa que fazem com que o uso dessas estratégias sejam adaptativas ou prejudiciais.
Para aprofundar este assunto, leia:
Entre o hábito e a mudança
Como adoro o conforto da certeza,
Ter a certeza que chego na praia e o sol queima,
Ter a certeza que chego em casa e a refeição está na mesa,
Ter a certeza de quem gosto, do que me faz bem,
Ter a certeza dos passos a dar, que profissão escolher, que roupa vestir,
Ter a certeza torna-se um hábito, o hábito da segurança, o hábito que me dá confiança e esperança que as coisas são como eu gosto que sejam,
Mas, e quando não são?
Quando tudo muda?
Quando não sei, se aquilo que sei dá para passar no exame,
Quando a forma como eu fazia as coisas deixou de funcionar,
Quando o amor que eu acreditava não passa de uma farsa,
Quando vejo a minha autoconfiança a diminuir,
Quando me sinto inseguro no que dizer,
Quando a minha carteira está vazia,
Quando os meus amigos já não têm tempo para me ouvir,
Quando a agitação dos meus filhos me incomoda,
Quando deixei de apreciar os passeios de domingo,
Quando o tempo não está como eu quero,
Quando tudo muda, tenho de mudar também,
Preciso me acostumar à mudança,
Preciso de aceitar a impermanência da vida,
Preciso perceber o fluxo da vida, a sua inconstância,
Tenho de flexibilizar o pensamento,
Aprender a aceitar o que não controlo,
A entender a flutuação dos meus humores,
A entender a minha tristeza,
A encarar a mudança de opinião,
A encarar a realidade, a realidade de que tenho de me habituar à ideia de que tudo muda a todo o momento, e que,
O único hábito que me serve é o hábito de mudar,
Mudar sempre que as coisas mudam,
Não mudar a mim mesmo, mas mudar o que posso no meu comportamento, pensamento e sentimento,
De forma a que a mudança seja um hábito,
O hábito de mudar o que posso para alcançar o que pretendo,
Quando tudo muda, eu mudo o que consigo, sempre que posso, para que possa continuar a ser aquele que sou,
Sou aquele que muda para se habituar, e
Habitua-se ao eterno mudar.
Abraço,
Miguel Lucas
Seus comentarios e suas analises sao um instrumento real para uma compreensao da mente humana, o que impressiona e a utilizacao de uma linguagem de facil compreensao e adocao de tema envolvente, que desperta uma atencao indivisivel.
A presentacao tematica e de topico corrente e recorrente da vida urbana . uma multiplicidade de informacao e que mandatoriamente implica tomada de decisao, inclusive do mais singelo, de como vestir ao iniciar o dia, como tambem como decidir durante o decorrer deste dia.
Obrigado pelo este trabalho de grande ajuda intangente.
Andrew ting.
Excelente texto,como sempre muito útil para todos nós.A rigidez das emoções e dos comportamentos é grande geradora de doenças mentais.Flexibilidade com assertividade é o que devemos buscar sempre.Obrigado Miguel!
olá, miguel lucas gostaria que o senhor, me respondesse essa questão, eu, notei uma certa vez.
que uma amiga não tão íntima a mim, estava querendo, me fazer cíumes, mais não sei,se fiz um julgamento correto do caso
mais me aborrecir e fiquei sem, falar c/ ela brevimente fiquei sabendo que a estava c/ depressão
e logo me sentir culpabilizado
mais será que sou, mesmo culpado por sua depressão?? ,doutor,miguel lucas me responda ?
agradeço. sua resposta
abraço
Indubitável!
Adorei este texto!!!
Adorei,esse esse artigo…puco tempo atras ruminei um assunto do passado, já resolvido emocionalmente quando me vinha a memoria . Acabei me deprimido devido o fato retorcido, não sair da minha cabeça … depois de muita leitura e ,terapia logo , retomei subconscientemente a visão anterior comica do fato, aplicando a flexibilidade emocional. Isso não se resumi a voce se iludir com a realidade,
mas sim ficar numa área mentalmente mais confortável,pois o passado negativo não te agrega em nada!
Indico pra todos esse artigo.
Obrigado!
Adorei, me faz refletir a cada dia como melhorar mais emais
Muitíssimo obrigada, esse texto pareceu ser escrito para a minha falta de flexibilidade que, outrora eu estava mentalmente em uma locomotiva descontrolada, ou em uma montanha russa de emoções, ora estável, ora em um mergulho profundo no abismo do vazio e, só piorava o meu quadro de ansiedade. Enfim, a cada texto novo seu, eu vejo o meu próprio reflexo, como no espelho. Me vejo, me observo, me corrijo…
Gracias!
Miguel Lucas acompanho seus artigos desde 2012 , o que está a oferecer para pessoas em seus ensinamentos não simplesmente as aliviam de seus males, mas mais que isso as curam. Desejo muito sucesso a você e parabéns pelo seu trabalho.