Compreender a razão dos sentimentos negativos
Psicologia Comportamental 22/09/2016

Compreender a razão dos sentimentos negativos

Miguel Lucas Publicado por Miguel Lucas

Como podemos lidar da melhor maneira com as nossas reações emocionais do dia a dia? O que podemos fazer quando o nosso parceiro nos decepciona, quando temos uma luta com o nosso filho, ou quando nos sentimos provocados por um amigo? Curiosamente, o melhor que se deve fazer é não repudiar a dor emocional.

Gastamos muito mais energia evitando as dores emocionais daquilo que nos perturba do que realmente a enfrentar os nossos sentimentos. Muitas vezes, causamos a nós mesmos miséria emocional através das nossas tentativas para nos defendermos das emoções desagradáveis. Além disso, ao esforçarmo-nos para não sentir os nossos sentimentos, tornamo-nos desnecessariamente defensivos, e muitas vezes acabamos prejudicando os outros.

Experienciar os sentimentos agonizantes é uma vantagem para a vida

Podemos sentir os sentimentos mais agonizantes sem catastrofizar. Aceitar a dor emocional sem temê-la permite sentir os sentimentos negativos e, em seguida, seguir em frente. Este processo permite-nos ser emocionalmente mais adaptáveis. Isso também nos permite sermos mais assertivos quando respondemos às interações emocionalmente desafiadoras. Quando enfrentamos a nossa dor, em vez de evitá-la, ficamos mais propensos a acordar mais revigorados e a sentirmo-nos melhor no dia seguinte, em vez de ficarmos presos nos sentimentos negativos. Na verdade, é como se conseguíssemos ver o lado positivo da tristeza.

A reter: As pessoas que não se deixam experimentar as suas emoções negativas tendem a somatizar esses sentimentos na forma de ansiedade ou depressão, aumentando ainda a propensão a tomar “drogas” para reprimir a dor emocional.

Muitas vezes tendemos a evitar situações em que possamos vir a sentir-nos humilhados ou desapontados. Quando evitamos a todo o custo podermos fazer má figura ou fracassar em algo, podemos perder as chances de alcançar os nossos objetivos. Quando nos abrimos à possibilidade de falharmos ou não termos um desempenho perfeito, percebemos que aquilo que tememos não é realmente assim tão ruim, e certamente não é uma ameaça à vida.

Quando tomamos a iniciativa de nos expomos à possibilidade de ficarmos desapontados ou algo não acontecer como desejamos, tendemos a sentir-nos mais fortes e mais descontraídos. Com este tipo de atitude evitamos alimentar cenários catastróficos de que as outras pessoas irão rejeitar-nos ou não irão gostar de nós se agirmos de uma determinada forma. No geral, lidar diretamente com os nossos sentimentos de decepção ou desapontamento torna-nos mais resistentes, flexíveis, adaptáveis e funcionais nas nossas vidas.

sentimentos negativos

Olhar para a realidade tal como ela é

A nossa perspectiva global sobre a vida e o que esperamos dela tem muito a ver com a forma como lidamos com os desafios e com a realidade. Se apenas esperamos que a vida seja “feliz” ou que merecemos que as coisas aconteçam do jeito que sonhamos, mais facilmente ficamos no caminho da decepção e sentimento de injustiça. É muito mais adaptável reconhecer a realidade como ela é, ou seja, que a realidade também comporta momentos dolorosos. Ao enfrentar as realidades existenciais, e aceitar que vamos morrer em breve (mesmo que seja daqui a cem anos), estamos preparados para enfrentar situações dolorosas, como o envelhecimento, a deterioração e a perda.

Mesmo que estas emoções sejam realmente muito difíceis de enfrentar, quando não as evitamos, estamos na verdade saudavelmente cheios de vida. Sem as sentirmos, não podemos ter uma apreciação plena do que é estar vivo. As emoções dolorosas fazem-nos ficar mais conscientes de que cada membro da raça humana está no mesmo barco e de repente todas as diferenças que nos dividem tornam-se mesquinhas e sem sentido. Se você não passar por cima dessas realidades existenciais dolorosas, por certo conseguirá desenvolver uma perspectiva mais compassiva em relação a si mesmo e aos outros.

É importante conhecer a si mesmo. O que lhe dá o sentido da vida? Quais são os seus valores pessoais? Quando conhece a si mesmo, você sabe o que está fazendo com a sua vida.

Partilho o meu próprio exemplo: Com a criação do meu Blog, eu sabia o que queria fazer. Eu queria fazer uma contribuição ajudando as pessoas. Eu não queria ser insignificante, queria ser significativo e queria compartilhar as minhas aprendizagens e experiências. Eu não esperava que fosse fácil e que conseguisse rapidamente ser uma referência para os meus leitores. Eu realmente sabia o meu valor e o que queria transmitir em cada palavra. Eu sabia que tipo de pessoa eu queria ser, como eu iria agir em diferentes circunstâncias na ajuda às pessoas que me procuravam. Eu segui algumas linhas de raciocínio de pessoas que eu admirava. Eu ouvia as pessoas falarem sobre o que lhes causou sofrimento, e eu queria ajudá-las a obterem conhecimento para se tornarem mais funcionais nas suas vidas. Com a experiência de ajudar muitas pessoas, ajudei a mim mesmo a perceber-me e a viver a realidade como ela é, boa e má, alegre e triste, vitoriosa e decepcionante. Aprendi a viver a vida na sua plenitude. Na verdade continuo a aprender.

Quando se trata de relacionamentos, é útil e sábio não nos defendermos dos nossos próprios sentimentos, como é aconselhável estar ciente dos sentimentos que a outra pessoa está experimentando. É importante para não ficarmos demasiado presos em nosso ponto de vista pessoal.

A reter: Quando se sentir magoado ou zangado com alguém, em vez de deixar esses sentimentos assumirem completamente as suas decisões, tente manter em mente a perspectiva da outra pessoa e esforce-se para entender o que ela poderá estar sentindo. Isso permitirá que você alargue o entendimento do que está acontecendo momento a momento.

Atualize as suas emoções de acordo com as circunstâncias do momento

Para sermos mais resiliente, é importante permanecer no momento presente e não permitir que as nossas reações dependam apenas do nosso passado. Por vezes, quando fomos machucados e passamos a ter reações despropositadas nas nossas interações, estamos exagerando com base no nosso passado e não de acordo com o momento presente.

O conflito atual pode desencadear emoções não resolvidas da nossa infância. A forma como a outra pessoa está reagindo a nós, as palavras que está usando para nos descrever podem fazer recordar alguém ou alguma relação que foi significativa no nosso passado. Isso ocorre especialmente nos relacionamentos mais próximos, aqueles com os nossos parceiros e ente queridos, onde podemos projetar traços de personalidade dos nossos primeiros cuidadores, as pessoas às quais éramos originalmente mais vulneráveis, e reagir no momento presente com base nas nossas antigas projeções.

Quando apanhamos a nós mesmo a ter uma resposta emocional desproporcional para a situação, podemos parar e ter um momento para refletir sobre como a nossa reação pode estar a ser influenciada pelas nossas experiências passadas. Podemos esforçar-nos a saber mais sobre os nossos gatilhos emocionais, ou seja, aquelas situações ou características que são demasiado reativas ou que tendemos a ver coisas onde elas não existem.

A reter: À medida que for tomando consciência dessas reações despropositadas e como elas se relacionam com o seu passado, e portanto, tendo compaixão por si mesmo, passará a ser menos reativo na sua vida e mais adaptável nas suas respostas e comportamentos. Para deixar de permitir que as suas reações emocionais “levem a melhor”, não ficar preso em sentimentos negativos, e não ficar demasiado defensivo, é imperativo desenvolver a capacidade de ser empático, compassivo, sentir o sentimento, e ficar no momento presente.

Precisamos estar dispostos a sentir plenamente os nossos sentimentos, não fugindo da dor emocional. Precisamos conhecer a nós mesmos e ser a pessoa que queremos ser nas nossas vidas. Precisamos estar dispostos a enfrentar as realidades existenciais que todos nós enfrentamos como seres humanos. Precisamos manter a perspectiva de que a nossa “realidade” pode diferir da realidade das outras pessoas. Precisamos estar presentes na realidade do momento que estamos vivendo e libertar-nos de sobreposições impostas pelas angústias do passado.

A reter: Ao desenvolver essas habilidades dentro de si mesmo, enriquecerá a sua vida com significado e manterá um nível de resiliência que permitirá assumir desafios inevitáveis da vida e alcançar os seus objetivos pessoais.

Abraço,

Miguel lucas

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Comentários
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Erika Graf

Comprendido. Hacer frente a situaciones que intuimos serán dolorosas o negativas a pesar de saber que no la pasaremos bien! Esto es positivo bajo todo punto de vista. Eludir, por ejemplo, una toma de decisión por "miedo" a sentirnos mal o equivocarnos, hace que nos enquistemos y permanezcamos viviendo en ese miedo. Hacer frente a lo negativo es sinónimo de "vida saludable". Cariños! Saudades de você Miguel! Parabéns por teu escrito.

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Miguel Lucas

Olá Erika,

Sem dúvida, aguentar as emoções negativas, não reagir exageradamente e percebermos que não somos fracos ou incapazes por sentir medo, é essencial para levarmos uma vida mais saudável e equilibrada emocionalmente.

Tudo de bom para você.

Abraço,

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Elcijane

Parabéns. É muito bom encontrar pessoas como você dispostas a ajudar o próximo. Excelente reflexão. Deus continue lhe abençoando.

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Lucia Gualberto

Bom dia, obrigado pela ajuda que me deu hoje, li o texto ele me ajudou a pensar, pois ando meio angustiada e isso me fez enfrentar a angustia e o medo. Acredito que enfrentar ou aceitar oque é realmente e mais fácil. Espero conseguir assim.

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Dourival Ribeiro Macedo

Bom dia!

A minha esposa sofre de depressão há 4 anos. No inicio todo processo foi feito corretamente, ela foi internada no Caps Paraisopólis e era pra ficar de 14 até 28 dias internada, mas deram alta com apenas 24 horas. Até então como não tinha conhecimento do problemas e suas consequencias que necessitava de no mínino 10 dias para fazer efeito da medicação, aceitei a alta dela. Após chegar em casa não aceitou tomar o remédio e ficou agressiva. Com o passar do tempo teve melhoras, mas hoje tá difícil a vivência…Mas tenho paciência e mantenho-me sempre equilibrado no dia a dia.
Após ler o texto passou me mais segurança na hora de lhe dá com a situação…

Obrigado!

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Luiz

Parabéns pelo texto. Coincidiu com uma situação recente vivida por mim, na qual de fato, no momento do conflito, imagens do passado surgem na mente, é preciso estar sempre no momento presente.

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Gabriel Mazin

Adorei o seu site, esse artigo é bem completo e intuitivo. Passa a mensagem que quer.
Estou iniciando um site de psicologia, o Blog Psico Lógos, para conteúdo acadêmico.
Quero poder deixar o link aqui no comentário. Continuarei acompanhando seu site.

http://blogpsicologos.com.br/psicologia/desenvolvimento-humano/item/10-estagios-do-desenvolvimento-humano

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Marina

Olá Dr Miguel Lucas

Obrigada pelo seu altruísmo, refletivo na criação deste site que ajuda imenso. Consegue dizer-me se tem algum artigo que me possa ajudar na compreensão da irritação em relação a praticamente tudo? Claro que este artigo já ajuda, mas por exemplo gistaria de tentar perceber melhor as possíveis origens da raiva/irritação, incluindo a orgânica. Obrigada
Marina

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