Como seguir em frente quanto tudo parece perdido?
Motivação 22/09/2016

Como seguir em frente quanto tudo parece perdido?

Miguel Lucas Publicado por Miguel Lucas

Ao longo da nossa vida, inevitavelmente, iremos experimentar alguns dissabores, injustiças, insatisfações, perdas, derrotas, sofrimento. No pior cenário, a vida é cheia de situações avassaladoras que jamais podem ser corrigidas. Ainda que possa parecer um cliché, eu quero dizer-lhe: “Deixe pra lá. Acabou, siga em frente. A sua vida é importante demais para viver com essa injustiça por mais uma hora que seja. Aconteceu. Não deveria ter acontecido. Mas a realidade é que aconteceu.

Ainda que a frase anterior tenha lógica e faça sentido, o que na verdade acontece é que muitos de nós perante acontecimentos arrebatadores, simplesmente não somos capazes de seguir em frente. Seja qual for a sua história, ainda que tenha toda a legitimidade para sentir-se esmagado e com isso sofrer desalmadamente, chega um momento que você pode olhar os acontecimentos ou a si mesmo por outra perspectiva.

A maioria de tudo o que nos oprime é superável

Acredito que quando o impacto emocional associado a alguns acontecimentos catastróficos da nossa vida é “insuportável”, ficamos tão imersos na dor, que aliviar o sofrimento torna-se uma tarefa de hércules. No entanto, a grande maioria de tudo que nos oprime é superável.

Nós realmente podemos ultrapassar a maioria dos eventos que nos derrubam. É apenas o nosso medo e a nossa raiva que nos prende a um lugar de inércia e miséria.

Muitas das vezes, ficamos focados em “condenar” aqueles ou aquilo que nos provoca o problema, numa tentativa de mostrar a indignação pelo que não deveria ter acontecido. Ainda que esta reação possa ser legítima, para a maioria de nós, provoca mais dano que benefício. A nossa busca constante pela justiça pessoal num mundo supostamente injusto e cheio de hipocrisias e crueldades é desgastante e pode consumir-nos.

Por vezes, há eventos em nossas vidas que realmente não podem ser superados. Não há como corrigir o erro, o dano, desfazer uma tragédia ou restaurar o que nos foi tirado. No entanto, o impacto emocional pode ser aliviado ou mesmo superado. Mas como? Como seguir em frente quando não há nenhum lugar para onde ir? Como é que se ultrapassa a dor de ver sofrer alguém que nos é querido, de ver a nossa casa arder, de ser diagnosticado com uma doença crónica, de terminar um relacionamento de sonho e seguir em frente?

frente

Começar por nós mesmos

Começamos por apoiar a nós mesmos. Podemos começar por aceitar e entender que a fonte de quase tudo que nos provoca sofrimento, não é o mundo em si mesmo ou as suas crueldades aleatórias, mas é, ao invés a interpretação das imperfeições dos outros ou da condição da própria natureza do mundo. E nós não podemos controlar o mundo nem as outras pessoas.

Podemos controlar a nós mesmos. Mais especificamente, podemos regular e orientar os nossos pensamentos, que produzem as nossas respostas emocionais para o mundo e para aqueles que nele habitam. Podemos, quando enfrentamos o intransponível, aceitar primeiro que provavelmente não é tão intransponível como parece. De qualquer forma, o próximo passo é dar um passo. Nada mais. Apenas um passo em direção à sobrevivência e adequação à vida.

Crie novos pensamentos

Para que possa ajudar-se a si mesmo a vencer a inércia e passar a olhar os acontecimentos por uma perspectiva mais construtiva, comece por amenizar a raiva e o medo, empurrando para fora o guião recorrente que corre na sua cabeça, que ecoa: “Alguma coisa está errada.”

Quaisquer que sejam os pensamentos que estão ruminando na sua cabeça, recriando o passado que justifica a sua raiva, alimentando a sua indignação com histórias que conta a si mesmo para explicar o que aconteceu na sua vida e que recorrentemente lhe provoca sofrimento emocional, pare com isso. Certamente nada de bom irá surgir.

Empurre esses pensamentos para fora. Substitua-os por algo suave, algo calmo, algo bonito, ou que possa promover-lhe esperança. Construa um pensamento, uma imagem, uma simples palavra, algo que lhe faça vislumbrar um novo caminho. Um lampejo, nada mais.

Abrace esses pensamentos, palavras e imagens positivas que lhe trazem alegria. E então você conseguirá mudar a perspectiva, assim mesmo. Como uma criança contorcendo-se para libertar-se de um abraço melado dos pais e ir jogar, o pensamento negativo terá desaparecido momentaneamente.

Seja persistente, continue a construir o seu guião positivo

Numa primeira fase os cenários positivos que consiga construir serão breves. As feridas emocionais continuarão a fazer-se sentir. Virão os pensamentos recorrentes, as memórias, os medos, que o têm mantido nesse lugar de dor. E, então, deixe ir os pensamentos negativos mais uma vez. Repetindo apenas esse passo simples, uma e outra vez, até começar a seguir em frente.

Pouco a pouco irá volta a sentir-se confortável na sua vida. Você irá conseguir volta a sentir-se adaptado. Irá conseguir aprender novas formas de viver no mundo que anteriormente lhe infligiu dor. Com o tempo, e tendo como suporte as suas ações orientadas, começará a abrir espaço no seu coração e igualmente na sua mente para novas explicações, novos pensamentos e novas alegrias.

Para aprofundar o assunto, leia: Mude o seu guião, use a tríade cognitiva positiva para melhorar a resiliência

Orientar os pensamentos para promover emoções positivas

Ao aprender a gerenciar os nossos pensamentos, lentamente, muito lentamente, aprendemos a regular as nossas emoções sem sacrificar a nossa capacidade de sentir. Ao conseguirmos regular as nossas emoções, preparamos o terreno para alterar as nossas percepções. O mundo pode continuar a ser o mesmo, mas mudando os pensamentos que definem o nosso mundo, começamos a transformar o mundo interior em que vivemos.

Podemos nunca recuperar o que perdemos no mundo, pode ser alguém que amamos que morreu, a saúde que só pode piorar, um carro que nunca podemos dar ao luxo de substituir. Quaisquer que sejam as nossas perdas, se elas podem ser substituídas, podemos decidir substituí-las. Se elas não podem ser substituídas, podemos, pelo menos, substituir a dor, com momentos de riso, de gratidão, de alegria.

Ainda que sejam apenas pequenos momentos, não importa o quão imobilizados estejamos pela dor ou raiva ou preocupação. Esses breves momentos de sentimentos positivos e alegres evocam num instante possibilidades infinitas para nos reconstruirmos. Ao imaginar a nós mesmos a mover-nos para a frente, os nossos pensamentos vão certamente levar-nos onde os nossos corações tão desesperadamente querem ir.

 Abraço,

Miguel Lucas

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