Por vezes, à medida que a tensão sobe entre os relacionamentos, emergindo desavenças e pontos de vista opostos, a tolerância vai diminuindo, a irritabilidade e a frustração vão aumentando. É usual que a luta pelo controle e pela supremacia tome o lugar principal. As lutas de poder e falta de igualdade são visíveis no que os casais realmente fazem uns aos outros nas suas interações, nas suas decisões, e na forma com se comportam uns com os outros e como expressam as diferenças de necessidades, desejos e personalidades. Perante tais cenários é premente aprender a relacionarem-se mais como iguais, como parceiros de cooperação, isso é crucial. É semelhante ao que muitas pessoas tiveram de aprender numa rápida mudança do local de trabalho, por necessidade.
É importante perceber que uma nova forma de estar, de dialogar e abordar temas de tensão tem de emergir. É mais do que apenas aprender novas habilidades de comunicação ou de novas técnicas sexuais. Isso não irá criar reciprocidade ou igualdade por si mesmo. O que importa “revolucionar” é afastar-se daquilo que aprendeu e não serviu, para iniciar uma nova abordagem. Esta nova abordagem é suportada pela ideia de ter comportamentos e atitudes que sirvam e promovam o relacionamento, e não apenas os desejos e necessidades individuais.
Lutas de poder, de supremacia, e de prisão emocional, são um modelo de amor egoísta, de amor adolescente. A maioria das pessoas carregam esse modelo com elas nos seus relacionamentos adultos, consciente ou inconscientemente, dificultando uma aceitação mútua e uma conexão amorosa entre parceiros. No entanto as pessoas querem sentir-se plenas, e não terem de viver o medo da rejeição, do castigo ou abandono.
As relações convencionais com caraterísticas fundadas em torno da domínio e controle, conjuntamente com o modelo que transita da adolescência, criam produtos emocionais destruidores de relacionamentos. Esta falta de igualdade e desconexão emocional correspondente torna-se visível nas relações, distorcendo a forma como os casais vivem os relacionamentos, levando na grande maioria das vezes ao terrorismo íntimo.
O que proponho é a mudança da sua mentalidade sobre o seu relacionamento e igualmente os comportamentos que o suportam. Não é uma fórmula, mas sim algo que você tem que trabalhar e praticar.
Algumas orientações que podem ajudar:
Dê sem tentar obter
Não quero ser radical ao ponto de transmitir-lhe a mensagem que não deve esperar obter nada das suas ações ou atitudes relativamente ao seu parceiro, nada disso. Todos esperamos algo. Mas esse algo deve ser muito mais uma consequência, do que propriamente uma troca contratual. Deixe de olhar o seu relacionamento como uma transação, um dar e receber imperativo, um investimento para o qual se espera um retorno específico.
Vivemos numa cultura comercial, não comercialize o seu relacionamento. Em vez disso, pondere a possibilidade de comprometer-se em demonstrar apoio e amor ao seu parceiro, sem esperar nada de concreto ou idealizado em troca. Você diz que sente amor? Mostre-o para o seu próprio bem, ponto final. Essencialmente, isso significa deixar de mover-se por um auto-interesse secundário. Abandone a sua ânsia de “obter” algo para si mesmo.
Dica: Redirecione as suas energias para apreciação que cada um pode ter relativamente ao outro, e distancie-se do objetivo autocentrado de tentar obter algo de volta. Vivencie, esse é o seu retorno.
Talvez tudo isto lhe soe demasiado “angelical” e altruísta. Sim, à primeira vista até posso concordar. No entanto, se fizer uma análise mais apurada, é fácil perceber que “conseguir o amor que você quer”, não é através da avidez ou ficando sôfrego. Se vier livremente, do seu parceiro, até você, isso é ótimo. Mas não faça disso o seu principal objetivo. Observações de pesquisa clínica têm mostrado o valor desta forma de relacionamento. Por exemplo, estudos realizados pelo investigador John Gottman concluíram que o apoio mútuo é fundamental para uma relação positiva. Isso significa renunciar a grande parte dos interesses pessoais como o seu objetivo principal e colocar as necessidades do seu parceiro acima das suas, por difícil e paradoxal que possa parecer.
Nivele o campo de ação
Tentar controlar ou dominar o seu parceiro através de manobras ostensivas ou subtis, certamente ajudará a cavar um buraco no relacionamento. Se for o caso, pondere reformular a sua ideia de relacionamento, abandone a busca de poder e substitua para: ter poder com…
Para melhorar um relacionamento, demonstre reciprocidade e igualdade através das suas ações. Isso é mais do que apenas comprometer-se em torno das diferenças. Mostre através das suas ações que você reconhece e apoia o seu parceiro como um ser igual, não um “objeto” para servir, ou frustrar o seu próprio ego. Embarque na experiência da partilha do poder.
Por exemplo, em decisões diárias ou conflitos tente descobrir o que melhor serve o relacionamento, entre os dois, em vez de qualquer um de vocês. Que ações, atitudes e ideias constrói maior consideração, respeito e empatia pelo outro? Além disso, a pesquisa mostra que a decisão compartilhada entre parceiros, realmente leva a melhores decisões.
Exemplo: Se você tem uma discussão com o seu parceiro, e qualquer um de vocês consegue distanciar-se do impacto emocional que a disputa possa ter em vós, ou seja, você não deixa o assunto transbordar para outras áreas do relacionamento, então ambos os parceiros sentem-se mais ligados positivamente, em relação ao outro.
Colaborar para o crescimento mútuo
Se você foi condicionado em papéis rígidos que o empurram constantemente para um relacionamento de terrorismo íntimo associado a um modelo mais tradicional (como a maioria das pessoas ainda são), reconhecer que isso pode ser mudado é um fator impulsionador da mudança para melhor. Ter o objetivo de fazer crescer o relacionamento, deve ser suportado por uma forte honestidade emocional.
A capacidade de expressar os sentimentos, sem ofensas, e sem restrições formam a base necessária à abertura para expressar os incómodos e as insatisfações, sem medos. Se os parceiros, forem construindo um campo psicológico aberto à livre expressão, sem críticas cortantes por parte do outro, mas sim, vontade para a procura de soluções, certamente o relacionamento desenvolve-se de forma saudável, beneficiando a ambos.
Como um homem, demonstre o apoio ativo da autonomia da mulher, independência e competência, e ao mesmo tempo, mostre que valoriza e apoia a sua sensibilidade emocional e necessidade de conexão.
Como uma mulher, mostre apoio à capacidade do homem para a abertura, crescimento, e vulnerabilidade, além de afirmar a sua capacidade para as soluções orientadas, forças e tendências.
Você vai fortalecer o seu relacionamento, incentivando e apoiando o seu parceiro para promover e desenvolver as capacidades subdesenvolvidos.
Apoiar um ao outro como pessoas individuais
Olhe para as diferentes perspetivas, interesses e desejos como uma experiência a abraçar, não algo a ser temido ou suprimido. Abraçar as diferenças fornece uma “mentalidade” que ajuda a manter a relação energizada. Você vai sentir uma maior estimulação e conexão positiva quando se tratam como seres humanos iguais, como pessoas distintas, que estão também ligadas. Sentir e demonstrar interesse um no outro, promover o crescimento e desenvolvimento como indivíduos, constrói maior ligação e energia emocional, relacional, sexual e espiritual sustentável. Ambos estão interligados.
Sendo ambos separados enquanto individualidades, mas juntos na vontade de terem um relacionamento saudável, auxilia o crescimento pessoal, compartilha de propósito e significado como parceiros. A reciprocidade é reforçada quando também compartilham uma visão maior da vida, valores e propósito geral. Tenha em mente que a vida próspera do seu relacionamento, é uma troca de energia em movimento.
A energia saudável está sempre fluindo, é flexível, equilibrada e associada a sentimentos positivos. A energia insalubre é redutora, rígida, e associada a emoções negativas. Com esta perspetiva os parceiros têm a capacidade para construir entre eles, um estado de energia fluída e saudável. A reciprocidade é uma parte crítica para mantê-lo conectado em torno de uma visão acerca da razão porque está nessa relação. Se essa é a viagem que pretende fazer, comece hoje mesmo a mudar para melhor.
Abraço,
Miguel Lucas
Ola miguel boa noite.
primeiro quero te dizer o quanto admiro seus textos e suas ideias, são de grande valia, parabéns
Aproveitando o tema sobre relacionamento gostaria de algumas dicas sobre como controlar pensamentos negativos em um relacionamento como o de ser traído, hoje pessoas se perdem por que não confiam mais, se puder falar algo, ficarei grato. abs
Olá flavio, obrigado pelo comentário
Obrigado pelas suas palavras. Vou levar em consideração o seu pedido.
Abraço
Excelente artículo Miguel. Qué importante es que, en una relación, ambas personas se apoyen mutuamente, se acompañen en sus caminos individuales y compartan sus vivencias con un diálogo abierto y respetuoso. Creo que ahí está la clave del éxito de una relación duradera.
Cariños!
Olá Erika, obrigado pelo comentário
Sem dúvida que o apio mútuo é a base de suporte de qualquer relacionamento. Compartilho da tua opinião que descreveste.
Gosto de te ter como leitora 😉
Tudo de bom 🙂
Abraço
Parabéns, pelas energias que partem de seus artigos, são muito bons!
Tudo que nos faz mostrar que podemos está nos avaliando sempre seja nas coisas que devem ser mudadas ou ainda melhoradas, realmente nos mostra aquilo que seria preciso ser visto com uma outra visão e você consegue mostra o leitor que está por dentro de suas emoções, desejos, toda uma retração que ele próprio condiz diante aquilo que ele vêm levar como interpretação de sua vivência. Você exatamente é ponto-chave, que se faz necessário para aquilo que ele não consegue encontrar diante toda aquela análise que ele fez de mesmo ou ainda que não conseguiu obter como entendimento por si, no que se refere a esfera subjetiva de suas percepções.
Abraços.
Olá Mayara, obrigado pelo comentário
O que descreve é exatamente um dos meus objetivos – levar até ao leitor uma descrição daquilo que ele pode estar a sentir ou a viver mas que não tem plena consciência. Ao descrever a pessoa sente-se mais familiarizada com as emoções e comportamentos que tem e, com isso conseguir perceber que pode mudar, que pode ir ao encontro da resolução de alguns dos seus problemas.
Abraço
Parabéns pela clareza do texto, mostrando que psicologia pode se algo acessível e simples ao alcance da compreensão se não de todas as pessoas da sua maioria.
Olá janete, obrigado pelo comentário.
O que descreve, é o que suporta a minha motivação para escrever. Levar as pessoas a saberem que a psicologia as pode ajudar nas suas vidas e que isso pode ser possível de forma simples e prática.
Agradeço a sua visão 🙂
Abraço
Boa tarde Miguel.
Seus posts as vezes parecem que são a resposta de uma pergunta minha feita diretamente a você.
O mais interessante é que não é!!! Ou seja, é algo comum na vida de muita gente, senão de todos e que a psicologia “desvenda” nos tirando o pensamento de “porque eu?” ou “porque comigo?”.
Por essas e outras, decidi cursar psicologia…Sou empresário, travalho com tecnologia e tenho pensamentos e atitudes muito “matematica”, e as vezes, lendo algumas coisas de psicologia como este site, me sinto no filme de Matrix ( por isso coloquei meu nome como Thomas ), onde acredito que o “meu certo” das coisas são o que realmente é o certo e depois vejo que na verdade não passa de alguma coisa lá do passado, ou pensamentos, etc … e que existe uma outra realidade ( no caso de Matrix, a realidade virtual )….
É possível mudar os pensamentos, mudar de atitudes, ver a vida de outra forma… e tornar a teoria da universidade em uma prática do dia a dia sendo psicologo?
Abraços e obrigado
Olá Miguel.
Tenho lido muitos dos seus artigo pois passo por um problema no meu relacionamento. Constatei que tenho feito muito terrorismo íntimo com minha namorada e agora estamos nos distanciando.
Sei que preciso apensar dar tempo ao tempo e mudar de atitude, mas as vezes me sinto como se só eu errasse.
No começo era eu quem reclamava mais e ela cedia até que chegou a um ponto onde ela se cansou, e com razão. Aos poucos fui vendo que na verdade eu acabava reclamando de coisas que eu mesmo fazia mas não percebia em mim, apenas nela.
Agora a situação se inverteu porém tem o agrave do terrorismo que fiz.
Enfim, tem algum artigo que fale sobre o que fazer para que quando falarmos sobre nossos problemas, sobre o que incomoda e tal, e eu mostrar uma postura tranquila e ponderada não pareça que estou me sentindo superior?
Ele se queixa muito que quando conversamos eu me mostro soberbo, com ar de superioridade e aí ela fica agressiva e me põe para baixo… Assim geramos um efeito dominó enorme que só vai nos desgastando.
Temos pouco tempo de namoro ainda, mas a amo muito e estou arrependido do terrorismo íntimo que fiz e quero me empenhar 101% para melhorar a relação e voltar a fazê-la sorrir…
Obrigado pela atenção.
Olá, Miguel!
Esse artigo e´ótimo, mas não vi nesse nem em nenhum dos outros qual psotura é a mais saudável quando a divergência é devida à terceiras pessoas.
Como faço para agir diante do fato de achar que meu parceiro é por demais afetuoso com outras pessoas do sexo oposto? Sei que ele não é desrespeitoso, mas não trato as pessoas da mesma forma que ele.
É certo ceder e buscar entender que ele se relaciona bem com as pessoas e que é simplesmente isso?
Não me preocupo com envolvimentos físicos, apenas com os emocionais.
Você pdoeria escrever sobre isso ou responder as minhas dúvidas?
Obrigada!
Parabéns pelo ótimo trabalho!
Boa tarde.
Sei que neste momento o que mai preciso é de ajuda, aqui neste artigo talvez, me reveja na parte de não esperar nada em troca, pois estou a passar uma fase difícil do relacionamento, em que após 12 anos de abdicar e de dar muito de mim, inclusivé, vários perdões, chego a uma fase em que a meu ver devido a uma depressão e falta de perspectivas na vida profissional, o meu marido, diz que apesar de me amar encontrou outra paixão na qual vê a saída para a vida dele, está muito confuso, e eu não consigo, odiá-lo, nem ter raiva, continuo como sempre com muita paciência e sofrimento a dar-lhe amor, não sei o que fazer não sei se está ou se vai resultar. Mas o que é facto é que isso não me deixa viver, mas também não consigo voltar-lhe simplesmente as costas. Como é que uma paixão de meses poucos pode ofuscar um casamento, um amor e uma vida em comum com dois filhos, para se partir imediatamente para outra vida com outra pessoa também com dois filhos. Como é que o simples facto de a essa paixão se juntar uma perspectiva de trabalho, e isso junto servir de argumento, que só voltando a sentir-se útil, poderá voltar Á vida em pleno. E onde fica a ideia de que os problemas no casamento devem ser ultrapassados juntos, como nos podemos como que vender e trocar uma vida por uma ilusão. Sei que isto parece muito irracional da minha parte, mas o que é facto é isso mesmo, neste momento não estou a conseguir racionalizar os meus sentimentos, e a falta de decisão, dele quer por uma luta real pela família quer pela opção de abandonar o lar, está a deixar-me de rastos, mas como ainda tenho alguma esperança, vou continuando a dar o pouco que tenho, para dar, pode ser que esta relação ainda seja uma relação, como se calhar nunca foi!
Gostei muito da sua positividade. Tem me feito a repensar sobre relacionamento. Obrigado por sua sensibilidade em ajudar as pessoas desprovidas destas informações.
Parabéns pelo seu trabalho e gostaria de pedir que você postasse matérias sobre pessoas que tem namorado com depressão e escrisofênia como lidar e o que fazer quando estiver em crise ou triste por tudo não ta dando certo e motiva-lo a ir atrás de seus objetivos.
olá MIGUEL,desde criança tenho dificuldade de me relacionar com as pessoas e sofro muito com isso,o seu blog está me ajudando muito…
Um texto muito inteligente, nos dá base para nossos relacionamentos, onde ainda não tínhamos clareza de como conduzir até o momento. Acho bastante interessante a forma como o texto nos orienta sobre algumas questões que parecem particularmente nossas e de mais ninguém. Gostei muito desta forma como o autor direciona os problemas que nos afligem e nos parecem com poucas soluções, podendo nos dar oportunidades de investir mais no que acreditamos ser nosso foco no momento, talvez uma certeza futura. O amor tão almejado por aquela pessoa que admiramos e que nos encanta mas que não temos a certeza sobre como conquistá-la. Obrigada, Rosangela.
Miguel, eu nao consigo e nem sei se ainda consigo dar mais um pouco de mim neste relacionamento. Tenho 2 filhos e meu esposo ficou 1,6 meses sem dormir na mesma cama comigo. Só qd minha vilha mais nove fez 1,15 meses que voltou a durmais comigo mesmo quarto. Ele tem um amigo que no principio pensei que tinha uma irmã que ficava com ele, mais depois descobri que ficavam só os 2, eles passam tempo demasiado juntos e na mainha cidade já começam a desconfiar q tem um caso. Não amo meu marido, mais tenho medo de descobrir que os dois mantém um caso. Esto com ele mais pelos meus filhos, sao muito apegados ao pai e eu engavidei justamente qd dei-me conta que nao o conseguia amar estamos junto desde 2010. Que faço?