A grande maioria dos relacionamentos íntimos falha, devido a excesso de conflitos e discursos ofensivos. As estatísticas mostram que apenas três em cada dez casamentos permanecem estáveis, saudáveis e felizes. Por que alguns relacionamentos íntimos têm mais propensão a falhar do que outros? Certamente as razões podem ser muitas de acordo com a especificidade do relacionamento. Mas existem particularidades que afetam mais e se tornam em um padrão destrutivo de relacionamentos.
A rotura fica mais próxima de acontecer quando temos total desrespeito pelo que o parceiro pensa ou sente sobre os problemas do relacionamento. Ficamos presos em nosso próprio ponto de vista ou somos incapazes ou não estamos dispostos a considerar o ponto de vista do outro. Decidimos que estamos certos e os nossos parceiros estão errados, comunicamos os nossos sentimentos como fatos e somos fechados aos pensamentos e sentimentos do outro.
Algumas pessoas determinadas a forçar o seu próprio ponto de vista, comunicam-se de maneira presunçosa, agressiva e paternal. Se você é como a maioria das pessoas, é provável que tenha interagido com o seu parceiro por meio de um ou mais tipos de interações prejudiciais ou transgressões verbais, sem perceber.
Verifique se no seu diálogo ou forma de interagir está cometendo alguns dos seguintes erros:
1. Leitura da Mente
Fazemos isso centenas de vezes por dia, inventamos histórias sobre uma situação sem provas. Tiramos conclusões precipitadas sobre o que nosso parceiro está pensando ou fazendo sem justificarmos devidamente com fatos concretos. Você pode dizer a ela ou a ele algo como: “Você provavelmente acha que sou irresponsável porque perdi meu celular“. Você pode evitar essa invasão simplesmente checando: “Você acha que eu sou irresponsável?”
Esta distorção do pensamento, ocorre sobretudo se você tiver a crença que consegue ler mentes. Muitos de nós caímos neste erro. Acreditamos ilusoriamente saber o que a outra pessoa está a pensar. Isso é impossível.
Ninguém consegue com precisão saber o que as outras pessoas pensam. A distorção, leitura da mente, é causadora de muito sofrimento nos relacionamentos.
2. Leitura Emocional
Concluímos o que o nosso parceiro está sentindo sem perguntar. Você pode dizer: “Estás com raiva de mim porque estou atrasado“. Para evitar essa transgressão, pergunte o que ela ou ela está sentindo: “Estás com raiva de mim porque estou atrasado?“
Não parta do princípio que sabe o que a outra pessoa está sentindo. Em caso de dúvida, pergunte.
3. Chamar nomes
Rotulamos o parceiro ou cônjuge com atributos negativos: “És mesquinho e egoísta”. Para evitar essa transgressão, recue e fale de si mesmo, ao invés de falar sobre o outro, usando mensagens assertivas do tipo: “Sinto-me incomodado com a forma como nós estamos falando, eu gostaria de parar a conversa por agora e voltar quando estivermos mais calmos.”
Quando nos referimos aos nossos próprios sentimentos (mensagens do eu) ao invés de apontar o dedo (mensagens sobre o outro), isso reduz a defesa e a tensão e promove a abertura ao diálogo.
4. Deitar abaixo
Criticamos os hábitos ou comportamentos do nosso parceiro: “Empilhas sempre os pratos sujos na pia, em vez de colocá-los na máquina de lavar louça.” Para reverter essa transgressão, tente usar: “Quando tu. . . Eu sinto . . . ” Para comunicar como uma determinada ação faz você sentir-se. Por exemplo: “Quando empilhas os pratos sujos na pia, sinto que os meus pedidos não importam para ti. “
5. Tomar o camando
Dizemos ao nosso parceiro o que fazer e esperamos que ele ou ela faça o que dizemos: “Não comas isso; é ruim para ti.” Para evitar essa invasão, declare a sua preocupação ou faça uma pergunta: “Estou pensando na tua saúde. Queres a refeição frita ou preferes algo grelhado?”
Com o passar do tempo, as transgressões verbais e as interações maledicentes fazem com que as conexões íntimas se transformem em um estado problemático de relacionamento.
Estudos feitos pelo terapeuta familiar John Gottman revelam quatro fatores de risco para os relacionamentos terminarem. A crítica constante (atacar os nossos parceiros) que pode levar à defensiva (gerando um contra-ataque) ou à obstrução (retirando-se da conversa) e, eventualmente, ao desprezo (afastar o olhar do nosso parceiro ou ficarmos ressentidos por não ver o nosso ponto de vista).
O que pode ser feito?
É possível reduzir o conflito interpessoal e melhorar a comunicação nos relacionamentos, evitando invasões verbais, mantendo os limites respeitosos e tendo em mente como você transmite e recebe informações. É simples. Estudos mostram que a consideração, gentileza e generosidade são os melhores remédios para melhorar os relacionamentos íntimos, e torná-los fortes e saudáveis.
A empatia neutraliza a discórdia. Colocar-se no lugar do seu parceiro, suspendendo temporariamente a sua própria perspectiva, aguça as suas habilidades de escuta e aprofunda a compreensão dos pensamentos e sentimentos do outro, sem a necessidade de concordar ou discordar.
A escuta ativa envolve você no que o seu parceiro está dizendo e sentindo, sem cair na armadilha de quem está certo e errado. Suaviza a tensão e prepara o terreno para a cooperação mútua, colaboração e conexão amorosa.
Abraço,
Miguel Lucas
Nossa Miguel vc sempre me surpreende com seus artigos. Vc toca na alma da gente. Já vivi muito isso. Hj sinto mais maturidade pq mantive uma certa distância e vi que era a solução pro momento. Obrigada querido. Deus te abençoe.
Olá Jailma,
O seu comentário é alimento para o meu trabalho 🙂
Tudo de bom para você.
Abraço,