Autocrítica negativa: Qual o seu tipo?
Psicologia Comportamental 22/09/2016

Autocrítica negativa: Qual o seu tipo?

Miguel Lucas Publicado por Miguel Lucas

A capacidade de avaliarmos o nosso comportamento é uma ótima ferramenta para nos desenvolvermos e igualmente para nos tornarmos mais assertivos. Mas quando o resultado dessas autoavaliações se viram contra nós mesmos, quando isso passa a sabotar quem somos, quando mina os nossos sonhos e aquilo a que nos propomos, perde o seu valor adaptativo e prejudica-nos. A autocrítica negativa pode estar enraizada em problemas emocionais plantados em acontecimentos que nos frustraram, em traumas, em medos, em angústias e, até mesmo nas expetativas do futuro. Essa crítica interna negativa que transporta uma elevada carga emocional, pode fazer alguns danos sérios.

No entanto, se conseguirmos deixar de perpetuar essa autocrítica negativa e olhá-la como um tipo de informação que nos alerta acerca de alguns problemas que necessitam de ser resolvidos ou melhorados em algumas áreas da nossa vida, podemos conseguir sair beneficiados. É como uma chamada de atenção (um sistema de proteção) que se traduz numa crítica direta a nós mesmos. Só que o resultado final, por vezes, transforma-se numa punição por não estarmos a corresponder às nossas próprias expetativas.

Importa tentar perceber qual o conteúdo da informação que esse tipo de autocrítica expressa, e de que forma se revela. Os investigadores e psicoterapeutas Bonnie Weiss, LCSW e Jay Earley, identificaram sete tipos de autocrítica. A maioria de nós realmente apresenta várias expressões dessa autocrítica que aparentemente nos tenta proteger, mas que, maioritariamente nos prejudica a vida.

Apresento sete tipos de expressões autocríticas que podem estar a prejudicar a sua vida: 

PERFECCIONISMO

Você é impelido a fazer as coisas de forma perfeita. Você vai construindo elevados padrões de comportamento, desempenho e produção. Torna-se rígido consigo e com os outros, querendo sempre que tudo se realize na perfeição. Desenvolve um pensamento de tudo ou nada. Quando alguma das coisas que faz não está de acordo com os seus padrões de realização, interpreta como um fracasso e critica-se duramente.

Na base desta autocrítica negativa acerca de alguns dos seus desempenhos, pode estar uma educação demasiado rígida, em que não eram admitidas falhas, fracassos e erros. Provavelmente você pode ter sido tremendamente criticado acerca das suas realizações. E com isso poderá ter construído a ideia que só seria uma pessoa de valor se fizesse tudo na perfeição.

Para aprofundar o assunto leia: Quando ser perfeccionista se torna um problema

falar mal de si mesmo

HIPERESFORÇADO NAS TAREFAS 

Você construiu a ideia de ter de trabalhar duro ou ser muito disciplinado, a fim de ser bem sucedido ou para evitar ser medíocre. Na sua base este conceito até pode ser considerado de enorme valor. Tudo depende de como você é ou não é capaz de relativizá-lo. Por vezes, o resultado desta forma de pensar acerca da realização das suas tarefas, pode conduzi-lo ao sentimento de inferioridade. Ou seja, se você tem de se esforçar muito mais que os outros e mesmos assim por vezes fica aquém deles, é porque você é pior que os outros. Ser-se esforçado é algo que deveremos valorizar, mas não necessariamente se isso equivale a sermos inferiores aos outros.

AUTOSSABOTAGEM

Você pode sabotar a sua autoconfiança e autoestima para evitar correr riscos, ou para não ser alvo da falha ou do fracasso. Você também poderá ter medo do sucesso ou de vir a conquistar algum poder, por não saber lidar com isso ou por temer os problemas associados.

Para aprofundar o assunto leia: Reinicie a sua vida, deixe de fazer autosabotagem

AUTOCONTROLADOR

Tenta controlar o seu comportamento impulsivo que pode não ser bom para você ou para as outras pessoas, ou pode até ser perigoso. Numa primeira análise, caso você tenha impulsos que possam ser considerados prejudiciais, a estratégia de autocontrolar-se pode parecer eficaz. O problema surge sempre que você não é capaz e com isso critica-se duramente, criando feridas emocionais a você mesmo. O autocontrolo e autovigilância pode criar a ideia de que você é alguém perigoso, desadequado ou explosivo. Uma estratégia mais saudável é resolver o problema na raiz, aprendendo formas mais adequadas de agir perante os seus gatilhos emocionais.

Para aprofundar o assunto leia: Deixe de reagir, escolha a sua resposta em consciência afirmando quem você quer ser 

PROMOTOR DA AUTOCULPABILIZAÇÃO

Volta-se contra si mesmo com base em alguma ação específica que tomou ou não tomou no passado, ou pela repetição do comportamento que tem sido prejudicial para os outros ou que viole um valor profundamente enraizado. O sentimento de culpa sem uma estratégia para diminuir ou eliminar a probabilidade de algo idêntico voltar a acontecer é contraproducente.

Para aprofundar o assunto leia:Como lidar com o sentimento de culpa

MODELAGEM

Você segue um modelo de referência, provavelmente incutido pela educação, familiares, sociedade, cultura. Nada disto seria prejudicial se não fizesse com que você em determinadas situações da sua vida verbalizasse: “Eu deveria ser assim” ou ” Eu não poderia ter tomado esta decisão” ou “Eu tenho de conseguir ou então não tenho valor ” ou “Se penso desta forma é porque…”

Os medos que emergem da modelagem tentam evitar que o seu espírito livre se comporte de uma forma supostamente inaceitável. Esses medos impedem que você expresse o seu verdadeiro eu, objetivos e desejos, castrando a sua individualidade e forma de olhar o mundo.

Para aprofundar o assunto leia: Que tipo de pessoa você quer ser?

AUTODESTRUIDOR

Você ataca a sua autoestima, ataca o seu valor pessoal, eventualmente minimiza as suas competências e habilidades. Envergonha-se profundamente. Acredita que não deveria existir. Certamente essa noção está enraizada numa crença irrealista acerca de você mesmo. Questione-se acerca do que poderá ter contribuído para você pensar dessa forma. E se esse tipo de pensamentos o tem ajudado a sentir-se melhor, ou se pelo contrário o tem vindo a prejudicar.

Para aprofundar o assunto leia: 

Abraço,

Miguel Lucas

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Comentários
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VERBENIA OLIVEIRA

gostei muito , e queria muito que se vcs pudesse enviasse para meu email acima . obrigado .

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Adriana

Olá Miguel!!
O artigo é fantástico e você aborda muito mais que a crítica de terceiros, aprofunda o tema e busca o essencial: a autocrítica negativa.
Talvez aí resida a pior das críticas. Se não conseguirmos nos libertar ou ao menos minimizar a autocrítica sucumbimos, então, à críticas vindas de outras pessoas??
Atenciosamente,
Adriana

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Miguel Lucas

Olá Adriana obrigado pelo comentário

Obrigado pelo seu ponto de vista. Se nós nos criticarmos recorrentemente certamente também seremos mais vulneráveis à criticas dos outros.

Abraço

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Cristiane Prestes

Parabéns este artigo me ajudou a mergulhar no meu eu interior, refletir sobre algumas atitudes, minha autoestima e imagem. Parabéns por seu trabalho! Atenciosamente, Cristiane

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Olá Cristiane obrigado pelo comentário

Agradeço o seu feedback, é muito importante para mim fica a conhecer sobre o impacto que os artigos têm na vida dos leitores.

Tudo de bom

Abraço

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Carlos Manuel Silva

Obrigado Miguel por mais um artigo muito válido. Faz algum tempo que sigo a Escola da Psicologia e recebo as newsletters e sem excepção todas elas me dizem sempre algo. A minha viagem está a ser um processo lento mas muito interessante. Baixei os braços, rendi-me e abracei a mudança, e está a ser um processo muito rico a todos os niveis. Até ja consigo aprender com os erros e com a dor. Conto contigo. Um abraço e obrigado por te teres cruzado no meu caminho.

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Miguel Lucas

Olá Carlos obrigado pelo comentário

É muito enriquecedor fica a saber que os conceitos que transmito nos artigos permitem chegar aos leitores. Fico contente por você estar a conseguir aplicar na sua vida e com êxito as "ideias" aqui transmitidas. Sim, acredito que passo a passo, pouco a pouco o Carlos irá construir o seu caminho, melhorando a sua qualidade de vida e bem-estar.

Força e convicção

Abraço

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Ricardo Sierban

Olá Miguel, já fazia um tempo que eu não comentava em seu blog, porém estou aqui novamente para parabenizá-lo por este artigo e expor a minha opinião.
As autocríticas já prejudicaram muito a minha vida e hoje aprendi a direcionar o meu pensamento para lugares que aumentem a minha força de viver e procuro ajudar as pessoas passando o que aprendi, mas sem o intuito de ser <b>o chato</b> apenas mostrar através de exemplos em meu dia a dia que é possível sim combater as adversidades sem se auto criticar.
Aprendi que o melhor professor é o exemplo, estou em um momento que estou colocando em prática os vários livros que já li e tenho a felicidade de comprovar que os resultados realmente funcionam.
Independente dos livros o seu blog foi e é de muita importância para os meus aprendizados e tenho certeza que para o aprendizado de milhares de pessoas espalhadas por este mundo,
Muito obrigado e que a energia positiva que passa em artigos volte à você em dobro, abraços.

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Miguel Lucas

Olá Ricardo obrigado pelo comentário.

Agradeço imenso o seu testemunho, é muito enriquecedor. Sim, o exemplo é o melhor professor e, beneficia-nos também porque praticamos aquilo que pensamos 😉

Boa continuação no seu desenvolvimento pessoal. Fique por perto, gosto de ir trocando palavras com os leitores. Volte sempre amigo Ricardo.

Tudo de bom.

Abraço

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RICARDO RJ

Mais uma vez meus parabéns Miguel!Artigo muito útil e oportuno.Já faz uma ano que acompanho a Escola de Psicologia,e tenho sido muito ajudado pelos conceitos e idéias que aqui são expostas.Te agradeço muito,e que continues nessa bela caminhada de saneamento psíquico dos teus semelhantes!Felicidades e muita paz!

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Rafael Almeida

Sou autodestruidor, perfeccionista, e auto-controlador. Não posso evitar, parece que nasci assim.

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Gabriel

Olha, só tenho que dizer Parabéns..

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Dina

Obrigada! Este artigo levou-me ‘a conclusao que sou o tipo auto-destruidor. Nao compreendo porque existo e ambora nao tenha pensamentos de suicidio, desejo profundamente morrer… ‘as vezes sinto-me como se estivesse morta embora vivendo.
Vou ler o que escreveu para aprofundar este assunto.

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Manu

Todas as opçoes acima, procede?!

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Wanderson

Muito bom o artigo, bem explicado e curioso. Mas tenho uma dúvida, que me carrega durante 21 anos: &quot;Como utilizar a autocritica sem perder a motivação de mudança?&quot;. Particularmente utilizo a autocritica como mecanismo de mudança de comportamento, porém como toda critica tem em seu fundo uma correção, que por muitas vezes eu enxergo como uma &quot;condenação&quot; e acabou assim assassinando a motivação de mudança, desta forma retornando algo que queria mudar ou melhorar. Então essa é minha incógnita de como utilizar a autocritica sem perder a motivação de mudança?

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