4 passos para aumentar a inteligência emocional das crianças - Miguel Lucas
Parentalidade 22/09/2016

4 passos para aumentar a inteligência emocional das crianças

Miguel Lucas Publicado por Miguel Lucas

Como você definiria a felicidade? E como definiria a ansiedade? Todos nós sabemos o que são as emoções, até que nos seja pedido para defini-las de maneira que as crianças possam entender. Emoções são coisas complexas. No entanto, ajudar as crianças a tornarem-se emocionalmente inteligentes requer que os ajudemos a aprender a entender emoções diferentes, de modo que possam lidar melhor com essas emoções de uma maneira socialmente aceitável.

Sabemos que as emoções impulsionam o comportamento, e que lágrimas, dores de barriga ou dores de cabeça, ou resistência em ir à escola, podem esconder sentimentos difíceis de expressar, como a ansiedade. Muitos pesquisadores e psicólogos concordam que, quando ensinamos as crianças a serem mais conscientes das suas emoções e a entendê-las desde a mais tenra idade, damos-lhes ferramentas importantes que as ajudam a navegar nas emoções.

As crianças desenvolvem a inteligência emocional quando são ensinadas a identificar as suas emoções e a tratar essas emoções como normais. Em outras palavras, quando ensinamos às crianças que as emoções são normais, facilitamos a expressão de emoções e reduzimos os casos de colapsos ou outras formas “inapropriadas” de expressar as emoções.

Vários estudos mostraram que podemos aprender a alterar as emoções que experimentamos, quando elas são experimentadas e como são vivenciadas. Muitos investigadores (por exemplo, John Gottman) concordam que aumentar a conscientização das crianças sobre as emoções pode ajudá-las a aprender a expressar essas emoções sem colapso emocional ou agressividade.

Em seguida apresento quatro dicas para ajudar a promover a inteligência emocional nas crianças:

1. Abraçar e aceitar as emoções negativas

Como já referi as emoções não são fáceis de definir, especialmente para as crianças. Uma criança pode saber que está sentindo “algo”, mas não sabe necessariamente o que significa esse”algo”. Em outras palavras, as crianças não podem aprender a identificar as suas emoções se não souberem que emoções estão a sentir.

Abraçar e aceitar as emoções significa ajudar a criança a entender que as emoções são uma parte normal da vida. Significa usar os recursos adequados à idade para conversar com as crianças sobre as emoções. Significa aproveitar as situações cotidianas para ajudá-las a entender melhor as suas emoções e a nomeá-las. Peça-lhe que lhe fale sobre o momento mais feliz daquele dia. Pergunte que situação, acontecimento ou conversa a deixou triste.

Mas lembre-se de que tornar-se o treinador de emoções das crianças (ou dos nossos filhos) começa primeiro por aprender a saber como gerenciar as nossas próprias emoções. Quando abraçamos as nossas emoções e conversamos com as crianças sobre isso, mostramos-lhes como lidar com as suas próprias emoções.

No programa de preparação mental para atletas que tenho vindo a aplicar a um grupo de jovens atletas praticantes de Karaté, constatei que a grande maioria tinha muita dificuldade em descrever o que sentiam na sua prática desportiva durante a competição. Passei a ensinar-lhes a identificação das suas emoções, a nomeá-las e a ficarem cientes da parte do corpo em que se expressavam e também que tipo de comportamento tinham quando sentiam determinada emoção.

Passadas algumas semanas, os jovens atletas eram já capazes de descrever especificamente o que sentiam, porque sentiam, em que parte do corpo sentiam e quando essa emoção era apropriada ou prejudicial. O aumento da inteligência emocional nestes jovens atletas permitiu uma maior eficácia do trabalho de preparação mental e passaram a saber como lidar com o nervosismo em competição.

2. Ajude a criança a entender como as emoções alteram o estado do corpo

Nós sentimos as emoções em certas partes do nosso corpo. É por isso que a criança falará de uma dor de barriga, uma dor de cabeça ou até mesmo podendo vomitar diante de uma situação de ansiedade. Todos nós experimentamos sensações corporais em resposta às nossas emoções. Ensinar a criança a tornar-se mais consciente de como as emoções se manifestam no seu corpo, qual a intensidade e incómodo lhe provoca, é uma forma de ir desenvolvendo a inteligência emocional.

As mãos ficam suadas, e o seu coração bate mais rápido? Ela sente borboletas na barriga? Ensinar a criança a ter consciência que as emoções têm uma expressão física no seu corpo pode tornar mais fácil lidar com as emoções difíceis antes que elas saiam do controle.

3. Esclareça de onde as emoções vêm

As emoções são a nossa maneira de reagir a estímulos externos (acontecimentos) e internos (pensamentos, imagens, sensações). A criança pode ficar mais ansiosa antes de participar de certas atividades, ou pode ter uma dor de barriga antes do seu teste de matemática.

Todos nascemos com alguns tipos de resposta emocional, mas aprendemos outras respostas secundárias através das experiências obtidas do ambiente que nos rodeia. A maneira como reagimos às emoções da criança tem um impacto muito relevante para o desenvolvimento da sua inteligência emocional. Uma criança que é atormentada (chamada a atenção de forma punitiva) por exibir uma certa emoção, por exemplo, a raiva, e a a partir daí toda vez que fica com raiva pode desenvolver uma emoção secundária, como a vergonha.

Falar sobre o que desencadeia as emoções também é importante porque ajuda a mostrar à criança que você está lá e que pode ajudá-la a encontrar uma solução. Quando ajudamos as crianças a entender o que faz disparar as suas emoções, aumentamos a consciência delas sobre o que desencadeia as suas emoções e torna mais fácil para elas lidarem com as situações que provocam as emoções.

4. Forneça as ferramentas para expressar adequadamente as emoções

Proporcionar à criança um ambiente seguro para expressar as emoções ensina-a a saber como lidar com essas emoções sozinha. Existem vários recursos e técnicas que fornecem dicas práticas para ajudar as crianças a lidar com emoções fortes, como raiva e ansiedade, de maneiras socialmente aceitáveis.

Para aprofundar o assunto, lei: 7 Formas de aliviar a ansiedade nas crianças

O que devemos lembrar ao desenvolver a inteligência emocional das crianças é que quando criamos um ambiente seguro no qual elas podem expressar as suas emoções (sem serem catalogadas de boas ou más), fornecemos-lhes as ferramentas de que precisam para gerenciar por si mesmas essas emoções.

Por exemplo: Aos jovens atletas, quando sentem medo relativamente ao seu adversário, eu não lhes ensino que sentir medo é mau, ou que não devem sentir medo. Ensino-lhes que de acordo com a interpretação que estão a fazer, sentir medo é normal. Posteriormente trabalha-se numa forma mais assertiva de perceber a situação, e se o medo persistir, ensino-lhes técnicas de redução do medo e de substituição do foco atencional.

Abraço,

Miguel Lucas

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